sábado, 11 de novembro de 2017

218 – ESTUDOS de ARTE


ALICE SOARES  PENSANDO o DESENHO.

- SUMÁRIO –
1 –  Natureza do   PENSAMENTO de . Alice Ardohain SOARES. 2 –  Obstáculos sociais e culturais que  Alice Ardohain SOARES teve de enfrentar no cultivo e na divulgação de seu PENSAMENTO  estético. -3 – O contexto social, econômico e estético do PENSAMENTO de  Alice Ardohain SOARES no Rio Grande do Sul.  - 4 –   Alice Ardohain SOARES afirma o seu  PENSAMENTO e colabora na formação da consciência  estética no contexto sul-rio-grandense apesar das fragilidades,  resistências  e silêncio oficial.   - 5 – Leituras e narrativas  estilísticas do PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES  - 6 – O profissionalismo, a projeção e permanência   do PENSAMENTO  de . Alice Ardohain SOARES. - 7 – Etapas da transição do  PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES entre o mundo consagrado e o novo - 8 -  Permanência do potencial do PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES apesar da sua ausência física, 09 – O pensamento de Alice Ardohain SOARES introduz outras ESTRATÉGIAS  para se tornar AUTÔNOMO do MUNDO -  que se quer HEGEMÔNICO – Nesta sua AUTONOMIA ampliar o seu potencial de intelectual e esteta e se aproximar da lógica da livre iniciativa da ERA INDUSTRIAL. 10 - O PENSAMENTO de  Alice Ardohain SOARES e o seu legado institucional  .  FONTES BIBLIOGRÁFICAS relativas à Alice Ardohain SOARES..   FONTES BIBLIOGRÁFICAS TEÓRICAS CITADAS - FONTES NUMÉRICAS  DIGITAIS.


Fig. 01  Alice Ardohain Soares na sua tese revela toda a largueza e profundidade do seu PENSAMENTO de ARTISTA, PESQUISADORA e ORIENTADORA sensível na formação de uma nova geração. No entanto presta  profundo tributo aqueles que antes dela haviam percorridos este caminho. Para tanto revela toda a sua atenção que ela conferia à HISTÓRIA das ARTES VISUAIS A escolha da obra de MATISSE é uma amostra desta atenção reverente.

O DESENHO,  um DEUS em NÓS

Todas as ARTES NOBRES possuem, na sua origem, um DESIGNIO[1]. DESIGNIO que orienta toda a produção estética. A sentença de Miguel Ângelo de “Un DIO in NOI[2] é valida também  para as demais artes. DESIGNIO que se expressa num PROJETO que se materializa em algo sensível a um ou mais sentidos humanos. DESIGNIO que torna histórica a criatura humana enquanto sustenta e recria o seu PROJETO. Este PROJETO  tornou a pessoa de Alice Ardohain Soares (1917-2005) histórica.  Ela apostou toda a sua existência, as suas melhores energias no PROJETO e trazer para um superfície e com menores recursos gráficos o que universal  na criatura humana. Escolheu como tema as “MENINAS” e como  meio material o grafismo. 



Fig. 02  A ARTISTA, PESQUISADORA e ORIENTADORA Alice Ardohain Soares revela nesta sua obra o seu PENSAMENTO ao evidenciar a o organização das “MENINAS” reunidas para ato cultural na qual uma delas toma a coordenação para o êxito coletivo da ação. Esta sua obras é um precioso documento da  vida e da ação coletiva desta estudante permanente e mestra de gerações.


A obra de Alice Ardohain Soares se abasteceu, alimentou e reproduziu por meio, e em razão, do seu PENSAMENTO.  No seu DESENHO o PENSAMENTO das “MENINAS” está em primeiríssimo lugar e constitui o seu eterno tema. No âmbito deste seu PROJETO, e do seu DESÍGNIO esta atividade foi conduzida ao longo de toda a sua existência a e quem ficou fiel até o final. Assim o PROJETO, o DESIGNIO e o PENSAMENTO TORNARAM Alice Ardohain Soares HISTÓRICA. Pensamento coerente e que não desmente ou contradiz este universo de sua atuação. Como educadora ela ultrapassou a sua pessoa singular e se socializou nas suas orientações aos seus estudantes de Desenho. Orientações que tinham norte  um intenso e refinado PENSAMENTO CULTIVADO e por suporte a atividade gráfica do DESENHO e por âmbito as ARTES NOBRES.

Fig. 03  Alice Ardohain Soares (no ângulo direito superior de quem olha a imagem) realiza os retratos das suas colegas do CURSO de ESCULTURA da atelier de FERNANDO CORONA[1].(ao centro)  Ao realizar os cursos sucessivamente superiores de ESCULTURA e depois de PINTURA conseguiu, por meio  do DESENHO, o que é comum entre aos dois campos estéticos.

Miguel Ângelo está entre os muitos mestres do DESENHO aos quais Alice Ardohain Soares rende homenagem especial.  Deste mestre Alice SOARES destacou o PENSAMENTO e a PRÁTICA do DESENHO, comentando  (1961, p.07) que:

 mesmo nos desenhos escultóricos de Miguel Ângelo, onde o modelado foi decisivamente acentuado por grandes manchas escuras, que se esfumam em meios tons, o contorno da figura e alguns detalhes são indicados por linhas seguras, firmes, cheias de vigor e realismo, transcrevendo o caráter do grande gênio. São elas na realidade, a definição daquelas formas turbulentas; são elas que constituem o desenho propriamente dito; ora salientando a força do titã, ora em levíssimas curvas, falando do espírito sensível da alma do poeta, tão esfumaçadas que, as vezes, se perdem nos claros do papel, contrastando com os tons escuros das passagens de sombra."

Alice Ardohain Soares havia estudado e se formara também em ESCULTURA. Tinha plena consciência desta distinção  e evidencia o desempenho do PENSAMENTO de  Miguel Ângelo em relação ao DESENHO nas ARTES VISUAIS.

 Impõe-se estudar este percurso de Alice Ardohain Soares entre suas escolhas, perdas e ganhos no meio de suas múltiplas potencialidades para finalmente se fixar no DESENHO. Escolha, consolidação e produção compreensíveis num PENSAMENTO competente para traçar sendas para si mesmo e para outros  descobrirem, usufruírem e buscarem os seus próprios caminhos, meios e recursos.


[1] FERNANDO CORONA - SUMÁRIO das POSTAGENS do presente BLOG:

Fig. 04  Alice Ardohain Soares registra a sua colega CHRISTINA HELFENSTELLER  BALBÃO  em pleno trabalho na seu cavalete de DESENHO. Colegas de estudos e de magistério superior distinguiram entre si pelo fato de Christina BALBÃO manter-se pouco interessada na produção e comercialização de suas próprias obras.

1 –  Natureza do   PENSAMENTO de  Alice Ardohain SOARES.

A própria sensível produção estética de Alice Ardohain Soares e as nos fornece vários índices das conexões entre imaterial do seu PENSAMENTO tornado material e sensível na sua obra. Nestes índices materiais, do seu caminho, ela sabe que sempre podem ter o seu contraditório e indicar senda oposta.  Para Alice enfrentar estas contradições e encruzilhadas, armazenou argumentos externos e que já circularam em outros ambientes especialmente na HISTÓRIA das ARTES VISUAIS. Entre estes argumentos externos ela citou (SOARES. 1961, p.15) no texto de sua tese que:

segundo Arno Stern, “o que condiciona a prática da Arte não é a aquisição de uma ciência; é o livre exercício de uma expressão pessoal”. “É assim que toda a prática visando a entravar a imaginação de início, vem em sentido oposto ao fim procurado.” Outra opinião, esta de Henri Matisse, está sintetizada do seguinte modo: “Criar, é expressar o que se tem dentro de si. Todo o esforço autêntico de criação é interior.”

Estes índices apontam para um pensamento estético, um profundo e autêntico respeito para as circunstâncias nas quais ela quis ser aceita.  

Este PENSAMENTO fundado na comunidade dos DEMAIS PENSADDORES de ARTE a conduziram no firme compromisso com a formação de uma nova geração de artistas. No fazer artístico ela nunca impunha a sua concepção pessoal como também jamais desqualificava as concepções dos de demais mestres. Muito menos impunha uma tendência estética mesmo para aqueles que vinham para as suas aulas “COM a CABEÇA e os SENTIMENTOS FEITOS” por uma DETERMINADA ESTÉTICA da moda. Neste sentido, na mesma tese e página, ela argumentava que:   Cézanne diz o seguinte: “A transmissão do saber, como um conjunto de regras obrigatórias ou um estilo definido, passou para não voltar”.”  

Esta autonomia de PENSAMENTO - numa sociedade, num lugar e num tempo ainda dominados pelo servilismo e a espera de PENSAMENTO PRONTO vindo dos centros hegemônicos – gozava de pouco espaço, oportunidades e recursos técnicos para se reproduzir e gerar algo de novo, fecundo e criativo. Foi neste espaço cultural, social e econômico que se nasceu, desenvolveu e se reproduziu o universo estético de Alice Ardohain Soares.

Fig. 05  Nesta serigrafia  Alice Ardohain Soares demonstra toda a sua competência técnica no domínio dos selecionados meios gráficos para lugar ao seu PENSAMENTO sem abandonar o seu tema das “MENINAS”. Contorna qualquer maneira de outros ou da moda da época para insistir e materializar os seus próprios achados. Esta ascese formal e ao mesmo tempo a fidelidade ao tema próprio e experimentado milhares de vezes, torna esta obra legível e de atribuição única.

2 –  Obstáculos sociais e culturais que  Alice Ardohain SOARES teve de enfrentar no cultivo e na divulgação de seu PENSAMENTO  estético.

Alice SOARES pertenceu àquela geração de mulheres que tiveram de realizar duras e caras escolhas para se habilitarem para  contrariar, com qualidade, mundo masculino e entrar nele para estabelecer ali uma competência inquestionável. O argumento foi uma obra de arte cultivada com profissionalismo, continuidade e alta qualidade estética. Estes índices apontam para um pensamento estético, uma profunda e autêntica AUTONOMIA  como ela afirma (SOARES, 1961, pp. 21-22) que: 

a conceituação do desenho, como arte autônoma, vai influir diretamente na orientação do ensino. No terreno da experiência concluímos que importa mais ao aluno ser ajudado, no sentido de saber que pode criar e de ter fé em sua capacidade, do que carrega-lo de teorias e padrões. Importa, ainda, estabelecer a posição do aluno em face de um comportamento diante da Arte, pois, estamos certos de que, ao desenvolver, com segurança, suas capacidades artísticas, será acrescido de uma riqueza de caráter humano, grandioso em seu conteúdo”.

É necessário intuir que o tema as “MENINAS” de  Alice Ardohain Soares seja uma aposta numa NOVA GERAÇÃO. NOVA GERAÇÃO competente para assumir plenamente a AUTONOMIA de seu próprio PENSAMENTO. AUTONOMIA de seu próprio PENSAMENTO capaz de mudar uma sociedade, criar um lugar ao Sol e afastar definitivamente um TEMPO regado pelo servilismo e a espera de PENSAMENTO PRONTO.  NOVA GERAÇÃO competente para gerar e reproduzir algo de novo, fecundo e criativo a partir do SEU tempo, SEU lugar e da SUA sociedade.

Fig. 06  Nesta obra de Alice Ardohain Soares a linha expressiva da imagem e modeladora da superfície, ganha leves reforços de uma cor controlada. O  PENSAMENTO de ARTISTA dispensa a NÃO-FIGURAÇÃO da moda nesta escolha criteriosa dos seus próprios meios visuais. O seu PENSAMENTO paira por cima de intrigas fáceis e que nada acrescentam a aquilo que já é do domínio publico e disseminado por uma mídia de impacto visual.

3 – O contexto social, econômico e estético do PENSAMENTO de  Alice Ardohain SOARES no Rio Grande do Sul.

A vida a formação e a atividade estética e profissional de Alice Soares ocorreram num estado periférico para o mundo brasileiro. Contudo conectado  profundamente com o   mundo platino. Nascida em Uruguaiana a interação com a cultura argentina e uruguaia e natural nesta cidade as margem do Rio Uruguai. As fronteiras e a visão ampla do mundo eram algo inerente ao pensamento desta fronteiriça, artista e professora, mas com pai baiano.

De outro lado Alice Ardohain Soares acreditava na mudança  apesar de todas as provas em contrário que este ambiente provinciano, servil e na heteronomia de outras culturas. Esta crença é possível conferir num PENSAMENTO de sua tese onde  escreveu (SOARES. 1961, p. 15) que:

encontramos grandes e fecundos desenhistas especialmente entre os artistas de nosso século, cujas características podem se resumir em liberdade de criação e inquietação, forças essas, que muito bem se coadunam com as qualidades específicas do desenho. Há nessa liberdade de criação um acúmulo de vitalidade magnífica e constante”.

Evidente que este ideal da “liberdade de criação, um acúmulo de vitalidade magnifica e constante” encontra-se muito distante da realidade empírica vivida por Alice Soares em Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Porém ela soube, no meio de sua OBRA, distinguir a “ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA” preliminar e diferente da sua “PESQUISA ESTÉTICA”.  ATUALIZAÇÃO da INTELIGÊNCIA que a ERA INDUSTRIAL estava despejando em obras impressas e as facilidades com o objetivo de PROPAGANDA e de MARKETING de outros centos culturais. Outros centros  para os quais ela se deslocava e visitava regularmente. No entanto por maior que fosse esta “ATUALIZAÇÃO de SUA INTELIGÊNCIA” o laboratório do seu atelier profissional era determinante “PESQUISA ESTÉTICA”.  Atelier profissional que ela manteve junto com Alice Esther BRUEGGMANN (1917-2001). Esta profissionalização era revolucionária em Porto Alegre tanto no sentido geral como na afirmação feminina nesta prática profissional.

Foto de Luiz Eduardo ACHUTTI
Fig. 07  A singular imagem de Alice Ardohain Soares infundia a maior veneração e estima de todos aqueles que se aproximavam de se convívio, lições, frequentavam o seu atelier ou sua presença nos mais diversos eventos culturais às quis ela comparecia. Sempre estava disposta a compartilhar, com todos e indiscriminadamente, aquilo que lhe tinha custado dedicação continuada, muito trabalho  e devoção.

4 –   Alice Ardohain SOARES afirma o seu  PENSAMENTO e colabora na formação da consciência  estética no contexto sul-rio-grandense apesar das fragilidades,  resistências  e silêncio oficial.

 O projeto de  Alice Ardohain Soares, é claro e cristalino  como é cristalino o seu traço, a linha e matéria mínima com a qual constrói sua obra.  Austeridade,  clareza e forma cristalina nascidas da fonte do seu PENSAMENTO. Este PENSAMENTO criou uma identidade que tornou única, legível à primeira vista e endossado por todos que se aproximavam de sua obra. Entre muitos registros escritos desta identidade visual é possível citar MASSOLINI que publicou no seu blog ( 2010) [1] que o:

seu tema foi sempre a “criança universal”. Ela as retratou revelando a sua preocupação com a figura da criança. Soares achou a síntese no desenho com força expressiva e pela maturidade alcançada. Seus desenhos parecem seres vivos, porém, não são retratos, mas, sim, vindos do pensamento e de muitos ensaios”.

Para tanto o PENSAMENTO, o PROJETO e o DESÍGNIO de  Alice Ardohain Soares ultrapassou a fase da ATUALIZAÇÃO da SUA INTELIGÊNCIA. Ultrapassou a PESQUISA ESTÉTICA PERMANENTE para adentrar no território coletivo da FORMAÇÃO de uma CONSCIÊNCIA COLETIVA. Assim concorda com o pensamento de MÁRIO de ANDRADE[2] que ela conhece e cita na sua tese. Esta citação ocorre quando ela traduz para seu meio e época ao escrever (SOARES. 1961, p. 17) que:

diz Mário de Andrade: “Ao artista cabe, apenas, é imprescindível, adquirir uma severa consciência artística que o ... moralize, se podemos nos exprimir assim. Só esta severa atitude, antes de mais nada humana, é que deve, na realidade, orientar e coordenar a criação”.

Esta citação evidencia um ponto da sua profunda conexão ao pensamento estético brasileiro. No entanto a sua decisiva participação no SISTEMA de ARTES do RIO GRANDE do SUL, não só ajudou a consolidar o MERCADO de ARTE LOCAL como gerou um SENTIMENTO de PERTENCIMENTO COLETIVO.  Muitos se identificam ao redor de sua obra individual e do PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares Tomam o seu PENSAMENTO como REFERÊNCIA de algo UNIVERSAL e INTEMPORAL arrancado de algo que guarda e transmite o seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE. O PENSAMENTO da mestra ocorre, muitas vezes, de forma subliminar, pois este seu IDEAL nunca foi de criar prosélitos, fórmulas e receitas prontas e fáceis de ler e de aplicar.


[1] MASSOLINI,  Fernando - Blog “Na HORA do  AMARGO” – abril 2010

[2] ANDRADE, Mário. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do  Brasil, 1942, 81 p.


 


Página do catálogo da EXPOSIÇÂO no CORREIO do POVO do dia 16.11.1949

Fig. 08  Uma das paginas do catálogo de um exposição coletiva, de 1949,  e na qual Alice Ardohain Soares figura em três imagens e uma lista de sete de suas obras. Até o presente não se conseguiu certeza se o retrato de Alice Soares, que figura, nesta pagina é um autorretrato ou é obra de um colega do grupo.

5 – Leituras e narrativas  estilísticas do PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES..

O PROJETO e o DESÍGNIO de Alice Ardohain Soares são  singulares  não só no tema das “MENINAS”. A sua tese inaugurou o PENSAMENTO FEMININO escrito e defendido publicamente, em  Porto Alegre, nas ARTES VISUAIS. Assim esta tese é germinal, densa e contém potencialidades latentes ao modo de uma semente. Ela contém potencialidades insuspeitas para quem passa as suas poucas  folhas e a as percorre  apenas os olhos em diagonal.
Até prova em contrário a sua tese de  concurso para o provimento efetivo da cadeira de Desenho, “LINHA - FUNDAMENTO DO DESENHO” (1961) cuja defesa e sustentação oral são pioneiras para  uma professora de ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL.
De outra parte como tributária de uma infraestrutura industrial ela paga amplamente o preço num ambiente desprovido de todos os aparatos e tecnologias disponíveis no mundo numérico digital. As suas fontes são aquelas que lhe permitiam a suas viagens às capitais do Rio da Prata, Rio de Janeiro e para a Europa do pós-guerra. As livrarias de Porto Alegre, as aquisições das bibliotecas públicas e da sua biblioteca pessoal, estão presentes são lidas e citadas para reforçar e destacar o seu PENSAMENTO  próprio e autônomo.
O grande mérito do PENSAMENTO de  Alice Ardohain Soares é o de conhecer e de reconhecer  os seus próprios LIMITES e aqueles dos seus estudantes. No âmbito destes LIMITES ela anuncia as COMPETÊNCIAS possíveis como  quando afirma (SOARES. 1961, p. 19) que:
 é compreensível, que pela exiguidade do tempo, tenhamos a sensação de que os alunos apenas passam por nós, pois, contamos com um ano para o nosso trabalho, constatando de duas aulas semanais. Guiados por isso mesmo, é que projetamos assim nosso pensamento, tendo como fator importante estimular o estudante de arte que se inicia, favorecendo lhe algo que o ajude a se encontrar e continuar o caminho, com o espírito de quem quer alguma coisa, porque vislumbra o mundo repleto de recursos espirituais que estão contidos na arte”.

Pelo texto acima é possível perceber que Alice Ardohain Soares não abdica da COMPETÊNCIA do  nosso pensamento, tendo como fator importante estimular o estudante de arte que se inicia, favorecendo lhe algo que o ajude a se encontrar e continuar o caminho, com o espírito de quem quer alguma coisa”.  Esta confiança, esperança e crença no seu estudante estão acima, e além da infraestrutura material de um SISTEMA e de um potencial MERCADO de ARTES do RIO GRANDE do SUL.
http://www.galart.com.br/artista/alice-soares/ 
Fig. 09  Alice Ardohain Soares dava o exemplo por meio de sua produção pessoal no seu atelier profissional. Nesta produção colocava a primordialidade em relação aos seus mais elevados títulos, cargos e funções acadêmicas. Neste contexto os seu PENSAMENTO de ARTISTA, da PESQUISADORA e da ORIENTADORA ganhava coerência e se materializava numa OBRA que permanece. ASSIM é possível distinguir TRABALHO das funções, cargos e títulos que s~~ao passageiros. Enquanto a OBRA é o que permanece na sua ARTE, no seu DESENHO e nos seus DOCUMENTOS escritos e imagens.

 No núcleo do PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares encontra-se a ENERGIA necessária e ativa para a MUDANÇA, para a RUPTURA EPISTÊMICA, ESTETICA e TEMPORAL. Os seus  estudantes de Arte estariam aptos – por meio desta MUDANÇA ASSIMILLADA e COERENTE CONSIGO MESMO - para enfrentar os imensos desafios culturais do interior brasileiro.  Interior brasileiro no qual eles estariam entregues à NATUREZA PRIMITIVA e INCULTA.  Ou então aptos para disputar espaço e lugar ao Sol nas improvisadas e caóticas metrópoles brasileiras. Metrópoles que eram centros culturais hegemônicos e nos quais estes estudantes deveriam disputar palmo a a palmo um LUGAR numa SOCIEDADE alheia e numa cultura com outro TEMPO e HISTÓRIA.
Assim é possível recapitular a fecundidade e a constante atualidade do PENSAMENTO de  Alice Ardohain Soares por meio das carreiras, das obras e dos pensamentos expressos pelos seus estudantes de artes do DESENHO. Ganham voz e sentido, no mais alto grau da CIVILIZAÇÃO a atualidade do PENSAMENTO das “MENINAS” vivas desta MESTRA. Esta nova geração expressa nas suas VIDAS, nas suas ESCOLHAS, nas suas CARREIRAS  e nas suas OBRAS a fecundidade e a constante atualidade do PENSAMENTO da mestra.
Fig. 10  A presença de Alice Ardohain Soares (3ª sentada da esquerda ara a direita de quem olha a imagem) na recepção da estudante do IBA-RS  Maria José Cardoso que conquistara o titulo de Miss Brasil[1]. Era mais uma “MENINA”  destacada  ela sua cultura e beleza.

6 – O profissionalismo, a projeção e permanência   do PENSAMENTO  de  Alice Ardohain SOARES.

O PROFISIONALISMO da ARTISTA AUTÔNOMA e da MESTRA decorria da sua capacidade entender e praticar as suas competências nos seus próprios limites. O seu PENSAMENTO adquirido era motor e alimentado por esta crença no seu trabalho continuado e a esperança de uma nova geração de “MENINAS”. Este “CONHECENDO a SI MESMA” alargava o horizonte e sensibilidade para perceber percalços, dúvidas e acertos daqueles que estão tentando iniciar esta mesma  caminhada.   PENSAMENTO adquirido, de longo alcance e superior, se deixar de notar e sublinhar que ele foi conquistado com muito esforço e renovado diariamente.
Este profissionalismo emergia num ambiente desprovido de todos os aparatos e tecnologias disponíveis nos ambientes culturais hegemônicos. A ERA INDUSTRIAL chegava embrionária e ao mesmo tempo tardia ao Rio Grande do Sul. Embrionária  por meio de  algumas manifestações pontuais porém tardia pois já era descarte de centros mais adiantados.  Neste ambiente importado de culturais hegemônicos teve de pagar o preço de não ter nascido e de não poder se apoiar numa identidade própria largamente amadurecida e reconhecida como tal. Ao contrário teve de enfrentar - decidida, rápida e amplamente - os  arremedos, as imitações fáceis e superficiais de uma pseudo identidade importada de alhures. Assim registra (SOARES. 1961, p. 19) que já ouvimos alguém condenar severamente o estímulo dado a produção livre de quem se inicia no campo das artes”.
No contraditório, uma vez passada e vencida esta avalanche de heteronomia, o PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares teve ocasião para mostrar a sua solidez, a sua coerência e a sua fecundidade.


Fig. 11  A permanente interação de Alice Ardohain Soares com seus colegas do Instituto de Artes da UFRGS está estampada nesta imagem onde ela figura com 3ª da direita para a esquerda de quem olha a imagem e depois de Armando Albuquerque e Celso Loureiro Chaves. Materializa-se assim o PENSAMENTO de que uma categoria se constrói e  se mantém unida por meio do TRABALHO em COMUM.

7 – Etapas da transição do  PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES entre o mundo consagrado e o novo.

A longa e profunda gestação do  PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares procede da dialética da aceitação consciente da heteronomia do contrato acadêmico e, do lado contrário, da posse de um PROJETO e de um DESÍGNIO que só ela podia administrar. Ela se está consciente   desses dois íntimos, o do novo e o do consagrado não se podem parecer. O seu PENSAMENTO atinge rapidamente a SÍNTESE na qual esta contradição pode ser resolvida na complementariedade cultivada num  vastíssimo campo que podemos chamar a bagagem do artista  No texto escrito de sua tese  ela repassa o caminho para esta SÍNTESE pessoal e que foi gerada nesta convicção íntima  quando afirma (SOARES. 1961, p. 19) que:

já ouvimos alguém condenar severamente o estímulo dado a produção livre de quem se inicia no campo das artes, alegando que o esboço de um aluno pode chegar a se comparar com um de Picasso, de Matisse ou outro artista. Oxalá, pensamos nós, pois nos parece ótimo. O esboço, no caso, se referia a desenho e já não afirmamos que o desenho, por sua qualidade espontânea, está ligado ao mais íntimo do artista? Então, por que esses dois íntimos, o do novo e o do consagrado não se podem parecer?- A continuação, a maturidade, enfim, é que vai provar se ambos se parecem realmente. A questão é o estudante chegar, conscientemente, a realizar mais do que este esboço. É vastíssimo o campo do que podemos chamar a bagagem do artista, e é aí que ele se afirma”.

Porém esta SÍNTESE não é dada e nem é natural. Ela significava ESCOLHAS para Alice Ardohain Soares que se concentravam e ganhavam corpo no seu DESENHO. NÃO é possível sobrepor e cultivar simultaneamente todas as manifestações estéticas mesmo no “vastíssimo o campo da bagagem possível ao artista”. para dar voz e vez ao DESENHO nas Artes Visuais há necessidade de ESCOLHER e encontrar caminhos na intersecção do campo da PINTURA e da ESCULTURA.  Ela sabe que as ARTES SÃO CIUMENTAS e EXCLUDENTES entre si, pois cada uma delas é um MUNDO PRÓPRIO e com FORÇAS PRÓPRIAS. É RUIDO aquilo que está FORA  do CAMPO de cada destas FORÇAS. Além disto, a “ARTE é LONGA e a Vida é BREVE” forçando a escolhas precisas e escapar do imponderável para não desperdiçar ENERGIAS e TEMPO.  Deste LIMITE da BREVIDADE nasce a necessidade do SACRIFICIOS das ESCOLHAS em ARTE. Será melhor, para o artista e para sociedade, quanto mais cedo ocorrer esta ESCOLHA definitiva. Evidente que as manifestações de Arte podem ser praticadas em qualquer idade. No entanto constituem “OUTRO CAMPO” como do lazer elevado e estimulante ao modo como Winston CHURCHIL praticou a Pintura[1]. Neste “OUTRO CAMPO” não há pretensão de carreira ou de profissionalização desta atividade estética por mais elevada que ela seja. No seu PENSAMENTO a mestra percebe esta distinção e o sacrifício que significa para quem busca na ARTE uma carreira e uma profissão para a sua vida. Como mestra lúcida ele escreveu (SOARES. 1961, p. 18) que:

vamos aplicar todos os recursos que possam desenvolver a sensibilidade emotiva, enriquecendo-a de elementos de ordem estética. Sabemos que o artista consciente conhece o sacrifício. Um aluno bem dotado terá visão deste sacrifício, isto é, da responsabilidade de enfrentar o trabalho, e o conhecimento de que os quatro anos de estudo, na escola, são apenas o começo de uma carreira”.

Na longa e profunda gestação do  PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares é possível acompanhar a sua evolução e passagem pela etapas da TESE, da ANTÍTESE e da SÍNTESE.  Na sua TESE impera a centralidade do DESENHO que ela escolheu no âmbito das demais artes como “O SEU CAMINHO”. Nesta centralidade  ela se defronta com a ESCOLHA  entre os DOIS ÍNTIMOS gerando a ANTÍTESE se UM que  busca o CONSAGRADO e o OUTRO almeja o NOVO e INÉDITO. Na SINTISE ela se dá conta da estreiteza deste maniqueísmo estético e propõe a COMPLEMENTARIEDADE CULTIVADA num “vastíssimo campo que podemos chamar a bagagem do artista. Evidente que poucos atingem imunes esta SÍNTESE. A maioria se fascina e se perde no prato feito e cheio entre as intrigas e nas polaridades forçadas entre ACADÊMICOS e MODERNOS, entre MODERNOS e PÓS-MODERNOS....  Intrigas interessantes e oportunas que fornecem recursos para formação de guetos estéticos e munição para rivalidades sem fim num mundo de reducionismo, de propaganda e marketing “DO MELHOR do MUNDO”.

Alice Ardohain Soares CULTIVA o seu PENSAMENTO na COMPLEMENTARIEDADE entre as CONTRADIÇÕES. COMPLEMENTARIEDADE na qual ela se torna competente para orientar, no mesmo processo da passagem da TESE, superar a ANTÍTESE e atingir uma razoável e segura SÍNTESE. COMPLEMENTARIEDADE na qual a mestra acompanhou, com êxito e inequívoca segurança  uma nova geração, diferente dela, com novos desafios de um outro tempo, um outro lugar, uma nova sociedade e com outras tecnologias. 
Alice SOARES faz o retrato de Tasso Corrêa – Revista Globo nº242 -26.06.1943 p. 20
Fig. 12  Alice Ardohain Soares recebeu,, ainda com estudante, em 1943, a incumbência do CENTRO ACADÊMICO para realizar o retrato de TASSO BOLIVAR DIAS CORRÊA[1]. Esta agremiação acadêmica adotado o nome de TASSO CORRÊA no momento em que este líder entregava o novo prédio de 8 andares  erguido, em Porto Alegre,  ao longo da II Guerra Mundial e com a ajuda de 2.000 legionários voluntários.

8 -  Permanência do potencial do PENSAMENTO de Alice Ardohain SOARES apesar da sua ausência física.

Certamente a grande fortuna do PENSAMENTO de Alice Ardohain Soares não reside no fato de gerar prosélitos, nem no mercado de sua obras e nem uma “maneira” fácil e facilitadora. Primordialmente está o  seu PENSAMENTO. Este PENSAMENTO torna-se primordial na medida em que ele aponta e expressa a AUTONOMIA a ser conquistada em cada momento e por meio de toda obra de arte. Neste caminho ela segue a norma de gerar, cultivar e repassar o cultivo do hábito da INTEGRIDADE INTELECTUAL  que Max Weber atribui como apanágio da universidade ao escrever (1989: 70) [2] que:

o único elemento, entre todos os autênticos pontos de vista essenciais que elas (as universidades) podem, legitimamente, oferecer aos seus estudantes, para ajudá-los em seu caminho pela vida afora, é o hábito de assumir o dever da integridade intelectual; isso acarreta necessariamente uma inexorável lucidez a respeito de si mesmos         

No caso de Alice Ardohain Soares, o que ela gerou, cultivou e repassou,  além do hábito da integridade intelectual, foi o hábito da INTEGRIDADE ESTÉTICA. INTEGRIDADE INTELECTUAL  e ESTÉTICA em coerência com o seu  AUTO CONHECIMENTO.  A mestra do Desenho permitia a cada estudante a definição da sua HETERONOMIA CONTRATUAL assumida ao longo do tempo em que ele estivesse sob a sua orientação. Tarefa que exigia ATENÇÃO da mestra.  Cada estudante percorria um processo da passagem diferente entre a TESE, a ANTÍTESE e a SÍNTESE. Não existem registros de que esta INTERAÇÃO CONTRATUAL - entre estres estudantes com a mestra - não funcionasse ou que produzisse ruídos e atritos inúteis, invasão dos limites e das competências recíprocas.

Assim o seu PENSAMENTO permaneceu no mundo imaterial. Porém não é nenhuma metafísica, ou instituição ou ideologia, pois é atingível em outros lugares tempos e sociedades. Ela sabia que “a ARTE ESTÁ em quem PRODUZ e NÃO NO QUE PRODUZ” na sentença de Aristóteles (1973: 243 114a 10 ).  Estes produtores de ARTE certamente estão ativos e se expressam não ao modo de Alice Ardohain Soares. Levaram adiante a essência do  PENSAMENTO do projeto de sua mestra ao construíram carreiras próprias, ensinaram e principalmente realizaram-se como pessoas civilizadas, construtivas e fecundas. Certamente este projeto é ponderável, factível e fecundo.



[2] - WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo:  Cortez, 1989.  152 p.
Fig. 13  A segura construção desta obra de Alice Ardohain Soares é um documento PENSAMENTO de ARTISTA na medida da ascese da escolha da direção da linhas, das cores baixas e especialmente na conquista do espaço do quadro. Ela está atenta a toda uma construção formal herdado da primeira metade do século XX. Atenção que ela transfere ao tema da “MENINA LENDO” atenta na sua concentração solitária.

09 – O pensamento de  Alice Ardohain SOARES introduz outras ESTRATÉGIAS  para se tornar AUTÔNOMO - do MUNDO que se quer HEGEMÔNICO - Nesta sua AUTONOMIA ampliar o seu potencial de intelectual e de esteta  se aproxima da lógica da livre iniciativa da ERA INDUSTRIAL.
Alice Ardohain Soares adotou estratégias convenientes e eficazes  para dar corpo tarefa que ela aceitou. Tarefa  que exigia ATENÇÂO da mestra ao processo da passagem entre a TESE, a ANTÌSE e a SINGTESE que cada um percorria livremente

Nestas estratégias ela se vale do trabalho coletivo com Alice Esther BRUEGGMANN (1917-2001), com os seus colegas do Centro Acadêmico Tasso Corrêa com os seus estudantes do ensino superior, a sua presença e atividade na Escolinha de Artes dos Ex-alunos do IA-UFRGS, a suas relações com o mercado de arte são ESTRATÉGIAS para expressar e materializar o PENSAMENTO de  centralidade ela se defronta com a “ESCOLHA  entre os DOIS ÍNTIMOS"

Foto de Luiz Eduardo ACHUTTI
Fig. 14  O mítico ATELIER das DUAS ALICES numa foto de Luiz Eduardo ACHUTTI. Lugar onde  seu PENSAMENTO de ARTRISTA PESQUISADORA e ORIENTADORA se ancorava e reunia energias para a tarefa  da formação de uma nova geração daqueles que iriam sucedê-las no campo das forças das ARTES VISUAIS .

Uma das estratégias que lhe davam mais retornos era a de dedicar a sua presença e sua atividade na Escolinha de Artes dos Ex-alunos do IA-UFRGS. Na sua tese Alice percebeu e registou que o ensino superior das artes visuais depende da formação anterior deste candidato. Assim pondera (SOARES. 1961, p. 17)  que:

não podemos esquecer o velho problema, de recebermos alunos que não foram estimulados em sua atividade criadora. Nossos métodos de ensino primário e médio apenas se iniciam nesse setor da educação. Nosso primeiro trabalho ao recebermos os alunos é ampará-los. Nosso dever é estimulá-los em autômatos”.

A atividade na Escolinha de Artes propicia esta formação anterior deste candidato à formação  superior nas Artes Visuais. Para a mestra do Desenho Alice Ardohain Soares era uma das mais caras estratégias e cultivada com carinho por ela.

É de se anotar a estratégia do livre trânsito entre a academia e o mercado de arte. Ela sabia os limites da cada uma para não misturar as duas competências e evitava  tornar uma das duas hegemônica sobre a outra. Ao contrário se completavam reciprocamente,  se reforçavam, ampliam o seu potencial de intelectual e de esteta. Estava em jogo a sua capacidade de transformar a contradição em complementariedade. A aproximação da lógica da livre iniciativa da ERA INDUSTRIAL conferia sentido e competência no âmbito acadêmico.

O perigo desta estratégia mal compreendida e ainda pior aplicada é evidente. As páginas da mídia estão repletas de deslizes, de corrupção e de abusos desta estratégia. Contornar este evidente perigo constitui mais uma amostra da compreensão dos LIMITES no interior das COMPETÊNCIAS que Alice Ardohain Soares sempre praticou.  Compreensão proveniente da sua ERUDIÇÃO, da sua ÉTICA e da prática do seu HÁBITO da INTEGRIDADE INTELECTUAL.

Fig. 15  A síntese da linha,  da cor e da técnica, atingidas por  Alice Ardohain Soares, materializam o seu PENSAMENTO de ARTISTA PESQUISADORA e ORIENTADORA . O tema é  a nova geração na qual ela deposita as suas esperanças e a crença numa nova cultura, civilização e modo de vida.

10 - O PENSAMENTO de  Alice Ardohain SOARES e o seu legado institucional.



A obra de Alice Ardohain Soares aparece como um oásis no meio do deserto cultural e num ambiente com raros momentos de PESQUISA ESTÉTICA autêntica e autônoma. Oasis que ela criou com a sua PESQUISA ESTÉTICA a revelia da heteronômica das constantes ATUALIZAÇÕES da INTELIGÊNCIA mal assimiladas e das enxurradas de MODISMOS de OCASIÃO. Esta FECUNDIDADE de PESQUISA ESTÉTICA autêntica e autônoma mereceu um registro MASSOLINI[1] quando ele cita:

"Ado Malagoli revelou: “Refiro-me as duas Alices, a Soares e a Brueggemann. Se um movimento artístico no nosso Estado (RS) possui características originais, com vida espiritual e processos próprios de desenvolvimento; muito se deve ao ateliê aliciano. Outros valores consagraram como um recanto de desenvolvimento artístico e cultural, frequentado, como sempre foi por artistas e intelectuais... De futuro, a crítica saberá, por certo, enumerar todas as fases do desenvolvimento porque passou o ateliê das duas Alices, que enriqueceram sobremaneira a cultura artística do nosso Estado (RS)”.

O sábio e atento mestre MALAGOLI percebeu neste “ movimento artístico no nosso Estado (RS) possui características originais, com vida espiritual e processos próprios de desenvolvimento um mundo em gestação e promessas de desenvolvimentos próprios, originais e únicos.

O legado maior de  Alice Ardohain Soares  é manter vivo a sólida, decidida e consequente escolha o “DEUS em NÓS”  que Miguel Ângelo atribuía ao DESENHO .

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul reconheceu, em vida,  toda esta competência, dedicação e produção estética ao lhe conferir em 1980 o título de PROFESSORA EMÉRITA[2].

A posteridade não esqueceu esta primeira geração de “MENINAS” e as sua contribuição de alto nível civilizatório que legaram par o PENSAMENTO e ACERVO das ARTES VISUAIS no RIO GRANDE do SUL. Em 2017 foi lembrado e registrado o CENTENÁRIO do seu nascimento[3] junto com ALICE ESTHER BRUEGGMAN, CRHISTINA BALBÂO[4] e LEDA FLORES. [5]

Fig. 16  A vida, a sociedade e a cultura formaram para Alice Ardohain Soares as circunstâncias do seu PENSAMENTO direcionado para o DESENHO. O seu passeio pela Rua da Praia, ao lado de Christina BALBÂO, era uma destas circunstâncias. Certamente este passeio é uma metáfora da passagem pelo seu TEMPO, LUGAR e SOCIEDADE

Numa síntese é possível afirmar que o PENSAMENTO, a OBRA o universo dos ESTUDANTES de Alice Ardohain Soares constituem uma INSTITUIÇÃO ABERTA e FECUNDA. FECUNDA  para uma retomada da PESQUISA ESTÉTICA autêntica e autônoma.  ABERTA para a ÉPOCA PÓSINDUSTRIAL onde tudo se liquefaz enquanto todos buscam um referencial lógico e coerente com o seu TEMPO, seu LUGAR e SOCIEDADE. Referencial que o mestre MALAGOLI enunciou como: “ movimento artístico no nosso Estado (RS) com características originais, com vida espiritual e processos próprios de desenvolvimento num mundo em gestação e promessas de desenvolvimentos próprios, originais e únicos.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS CITADAS
ANDRADE, Mário. O movimento modernista. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do  Brasil, 1942, 81 p.

ARISTÓTELES (384-322). Ética a Nicômano. São Paulo: Abril Cultural1973. 329p

CHURCHILL. Winston (1874-1965) - Pintar como Passatempo -  Rio de Janeiro: Odisseia. 2012,  72 p.  https://www.estantevirtual.com.br/supersebo/winston-churchill-pintar-como-o-passa-tempo-245423342

DUAS ALICES – Exposição em homenagem às alunas do Instituto de Belas Artes: Alice Brüeggmann e Alice Soares, comemorando seus 80 anos. Porto Alegre: UNICULTURA-UFRGS, 24.06  - 25.07.1997.

SOARES Alice  Ardohain (1917-2005) LINHA - FUNDAMENTO DO DESENHO LINHA - FUNDAMENTO DO DESENHO Linha: Definição Simbolismo Expressão artística Tese de concurso para o provimento efetivo da cadeira de Desenho, dos Cursos de Pintura e Escultura do Instituto de Artes do Rio Grande do Sul Porto Alegre, 196150 p.

WEBER, Max. Sobre a universidade. São Paulo : Cortez, 1989.  152 p.

WEBSTER, Maria Helena et alii  Do passado ao presente: as artes plásticas no Rio          Grande do Sul. Porto Alegre: Cambona, s/d. 83p.


FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS
RESENHA BIOGR´|AFICA de Alice Ardohain SOARES

PINACOTECA BARÃO de SANTO ÂNGELO de Alice Ardohain SOARES 

EXPOSIÇÂO de  2010 de Alice Ardohain SOARES 

ACERVO COMERCIAL de Alice Ardohain SOARES 

MEMÒRIA CENTENÁRIO de Alice Ardohain SOARES 

PENSAMENTO e RESISTÊNCIA de Alice Ardohain SOARES

Desígnio

Obras de Alice SOARES

Obras de Alice SOARES na Pinacoteca Barão de santo Ângelo

Alice SOARES  com FORMANDOS do IA-UFRS-  1975

O ATELIER das duas ALICES

AS QUATRO DE 1917

MISS BRASIL 1956

Dorival CAYMMI

MASSOLINI, Fernando - Blog “na HORA DO AMARGO – abril 2010

. ORIGENS do INSTITUTO de ARTES da UFRGS

ALICE SOARES PROFESSORA EMÈRTA DA UFRGS em 1980

FRANCISCO de HOLANDA e MIGUEL ÂNGELO “DIÀLOGOS de ROMA”

MASSOLINI,  Fernando - Blog “Na HORA do  AMARGO” – abril 2010

QUATRO “MENINAS” CENTENÀRIAS ou CENRTENAÁRIO de QUATRO MULHERES ATTISTAS http://pinacotecasaldolocatellierubenberta.blogspot.com.br/2017/05/4-mulheres-1-centenario.html



PROPOSTA de ESTUDO dos PENSADORES das ARTES VISUAIS do RS


Estudado,  no dia 24.08.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 03

Olinto Olympio de OLIVEIRA (1866-1956)


Estudado,  no dia 19.10.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 09

Fábio de BARROS (1881-1951)


Estudado,  no dia 28.09.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 07

Ângelo GUIDO GNOCCHI ( 1893-1969)


Estudado,  no dia 21.09.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 06

Fernando CORONA (1895-1979)


Estudado,  no dia 14.09.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 05

Tasso Bolívar Dias CORRÊA (1901-1977)


Estudado,  no dia 05.10.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 08

Athos DAMASCENO FERREIRA (1902-1975)


Estudado,  no dia 31.08.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 04

Herbert CARO (1906-1991)


Estudado,  no dia 26.10.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 10

Aldo OBINO (1913-2007)


Estudado,  no dia 09.11.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 11

Francisco Rio-pardense MACEDO (1921-2007)


Estudado,  no dia 23.11.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 13

Frei Antônio do Carmo CHEUICHE (1927-2009)


Estudado,  no dia 07.12.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 15

Carlos SCARINCI (1932-2015)


Estudado,  no dia 30.11.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 14

Walmir AYALA (1933-1991)


Estudado,  no dia 14.12.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 16

João Carlos TIBURSKY (1950 -+17.04.2011)


Estudado,  no dia 21.12.2017, pelo GRUPO de PESQUISA - Registro na ata nº 17

SINTESE das postagens dos PENSADORES das ARTES VISUAIS do RS

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