segunda-feira, 12 de setembro de 2016

181 – ICONOGRAFIA SUL-RIO-GRANDENSE.


14.0 - Uma obra de Manuel Araújo Porto-alegre como índice da busca da autonomia das artes visuais brasileiras que se moveram no paradigma político da independência em oposição ao paradigma do vassalo colonial dependente.

Continuação e complemento de:
O projeto imperial na província sul-rio-grandense
Fig. 01 –  O jovem Manuel Araújo num auto retrato pintado no primeiro ano da Independência do Brasil. Nascido em Rio Pardo trabalhava no comércio de Porto Alegre  e era aprendiz de algum pintor estrangeiro itinerante no Rio Grande do Sul. Ao saber da Missão Artística Francesa migrou ao Rio de Janeiro onde se tornou discípulo de Jean-Baptiste Debret na Imperial Academia de Belas Artes 
14.1 – A obra de Araújo Porto-alegre como índice da cultura trazida pela Missão Artística Francesa em 1816. 14.2 –  A obra de Araújo Porto-alegre necessita vencer o desinteresse pela cultura herdada do longo período colonial. 14.3 – Fluxo e refluxo do centralismo político, econômico e cultural brasileiro. 14.4 – O projeto civilizatório institucional da arte herdado do mestre Debret. 14.5 – Leituras da natureza formal da obra de Araújo Porto-alegre 14.6 – As condições culturais da obra de Araújo Porto-alegre. 14.7 – Leituras tipológicas e iconológicas da obra plástica de Araújo Porto-alegre. 14.8 – Os discípulos de Araújo- Porto-alegre 14.09 – O legado institucional de Araújo Porto-alegre


14.1 A obra de Araújo Porto-alegre como índice da cultura trazida pela Missão Artística Francesa em 1816.

Uma obra de Manuel Araújo Porto-alegre (1806-1879), devidamente contextualizada, é capaz de  revelar - no mínimo de sua  forma - o máximo de conteúdo e se constituir numa metáfora dos demais valores culturais do período imperial brasileiro. É o caso da obra deste artista presente no MARGS. Esta obra abre o espaço temático da iconologia greco-romana e se constitui em índice a linguagem neo-clássica importado com a Missão Artística Francesa em 1816 que trazia a experiência da ‘Ècole Nationale des Beaux-arts’ de Paris[1]. Esta linguagem constitui a identidade plástica do Império Brasileiro, contra a cultura colonial imediatamente anterior.


[1] - Para conhecer a atualmente a “École Nationale Superieure de Beaux-arts” de Parids: ver o site desta instituição http://www.ensba.fr  
GONÇALVES DIAS - ARAÙJO PORTO-ALEGRE GONÇALVES MAGALHÃES foto 1858
Fig. 02 –   Na foto com Gonçalves Dias e Gonçalves Magalhães após a tumultuada e profícua direção da Imperial Academia de Belas Artes. Manuel Araújo assinou a foto com o gentílico “Porto-alegre” . A instauração de um mínimo de uma civilização era tarefa original e difícil, na metade do século XIX  e  numa nação ainda submetida à escravidão legal e com carências estéticas, políticas e técnicas de toda ordem. Neste ambiente a ação do futuro Barão de Santo Ângelo não conheceu limites e extrapolou as fronteiras das Artes Visuais, ampla e profundamente.
14.2 A obra de Araújo Porto-alegre necessita vencer o desinteresse pala cultura herdada do longo período colonial.

Para que uma obra de arte tivesse um mínimo de autonomia e se afirmasse como identidade brasileira no Brasil, que se tornava independente em 1822, uma série de obstáculos culturais, políticos, científicos, jurídicos e econômicos tiveram de ser vencidos. A cultura no Brasil, nos três primeiros séculos de domínio europeu, segundo Sodré[1] (1976: 271) não teve “o mínimo interesse pela cultura, que não representava necessidade e nem encontrava lugar, função séria. Se tivesse existido, desapareceria aqui, esmagado pelas condições do meio”. As investigações  científicas e artísticas autônomas eram perigosas para a política do centralismo jurídico metropolitano colonial e imperial. Este perigo vinha do medo de alastrar o seu natural questionamento para outras áreas, tornando-se esta investigação potencialmente subversiva. Por isto, o Estado deveria preceder juridicamente a nação, dizendo ao Brasil do que ele necessitava. Quanto à economia, não existia o menor lugar para uma instituição educacional para a arte autossustentada. Proibiu-se criar no Brasil, já nos primórdios da Colônia, fundações educacionais economicamente autônomas[2]. Era o contrário das fundações universitárias americanas, para as quais era permitindo planejar suas ações específicas e autônomas com os lucros dessas fontes[3]. No Rio Grande do Sul esta autonomia financeira institucional republicana foi tolerada[4], no início do ILBA-RS, mas depois de 1930, teve de se contentar com a genérica autonomia jurídica e administrativa.



[1] SODRÉ, Nelson Werneck. O que se deve ler para conhecer o Brasil. 5.ed. Rio de  Janeiro : Civilização Brasileira,
1976, 393p.

[2] -  O Padre Nóbrega foi obrigado, em 1550, a fechar  formalmente as fundações no Brasil, destinadas à educação dos meninos gerenciadas pelo poder civil  (Mattos, 1958, pp.97/8). Proibições que não foram juridicamente abolidas até a edição da Lei Federal republicana no 173,  de 10.09.1893. Ou como escreve Faoro (1975: 165) “A colônia prepara, para os séculos seguintes, uma pesada herança, que as leis, os decretos e os alvarás não lograrão dissolver
MATTOS, Luiz Alves de. Primórdios da Educação no Brasil: o período heróico 1549-1570. Rio de Janeiro: Aurora, 1958, 3006 p. FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre – São Paulo : Globo e USP, 1975.  2v.
[3] - Conforme Soares et Silva ( 1992, p. 30 “essas universidades nascidas da terra têm origem nos Estados Unidos  da América, pelo Ato Governamental de 1872, que concedia grandes extensões rurais a quem se incumbisse de, com o seu produto de exploração e até de alienação parcial,  criar escolas de Agricultura e Artes Mecânicas”. Em Porto Alegre esse ‘Land Grant College System’ americano, inspirou  a Escola de Engenharia, que no início gozava de 2% e depois 4% da arrecadação de todos os impostos do Estado.            SILVA, Pery Pinto da et  SOARES, Mozart Pereira. Memória da Universidade Federal   do   Rio Grande do Sul (1934-1964). Porto      Alegre  :  UFRGS,   1992.  234p.
[4] - Conforme  Doberstein  (1999, f. 66) “o positivismo aceitava a acumulação de capital,  se o mesmo cumprisse função social . 
MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE. “Painel decorativo 1851, aquarela  20 cm x 26 cm – Acervo do MARGS
In MARGS Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli / Textos de Armindo Trevisan et ali. Porto  Alegre : Tomo Editorial, 2000, p.121
Fig. 03 –  O painel decorativo de  Manuel Araújo  Porto-Alegre é significativo do esforço de unir a vetusta e milenar tradição estética e cultural europeia com a potencial jovem cultura brasileira que estava despertando na América . Ao mesmo tempo é uma metáfora visual  da tentativa de transformar o tabu estético imposto pelo rígidos cânones neoclássicos com as novas tendências estéticas e técnicas que estavam a ponto de povoar a cultura ocidental na segunda metade do século XIX.
14.3 Fluxo e refluxo do centralismo político, econômico e cultural brasileiro.

No Brasil o fluxo e o refluxo constante entre o centralismo e a autonomia política exerceram fortes influências nas suas províncias e nas artes plásticas. O centralismo recebeu um forte impulso quando alguns artistas da Missão Artística Francesa criaram o projeto civilizatório[1] para a Academia Imperial de Belas Artes (AIBA). A AIBA estava intimamente ligada e presa ao Rio de Janeiro como uma das expressões do trono imperial[2] e capaz de estabelecer laços de dependência das províncias. Esta dependência era gerada pelos benefícios outorgados[3] a partir do imperador que ‘representava a nação’, como conclui Gauer (2001: 248). As portas desta única instituição de transmissão sistemática da arte para todo o Brasil abriam-se, na prática, apenas ao homem branco, mas como súdito, e não como cidadão. Os dispêndios com essa instituição de arte, apesar do centralismo imperial, eram muito modestos, comparados a outros gastos supérfluos da corte[4], segundo Durand, (1989: 25). Os gastos, nas artes plásticas, eram mínimos, reduzidos às ‘bolsinhas’ de D. Pedro II.
A única província imperial brasileira a criar uma Academia de Belas Artes foi a Bahia [5].  Ela foi organizada, em 1877, nos moldes da Academia Francesa[6]. Para alguém nascido na província imperial do Rio Grande do Sul, a educação superior, deveria ser feita na corte. Para os mais afortunados havia a opção pela formação na Europa, como foi para Hipólito José da Costa (1774-1823). Mas poucos deles retornavam para a sua terra de origem. O sul-rio-grandense Manuel Araújo Porto-alegre, depois de formado na corte do Rio de Janeiro e na Europa, também não teve meios jurídicos, administrativos ou políticos para estender os benefícios civilizatórios de uma instituição de arte para a sua província natal. Isto, apesar de ter sido o primeiro brasileiro a ser diretor da AIBA[7], numa administração e num prestígio renovados até o presente


[1] - É exemplar o projeto civilizatório  do Império apresentado em 1824 e 1827  pelos membros da Missão Artística Francesa. 
Ver:,  Morales de los Rios (1938, pp. 114-127)  e Pinheiro (1966, p..  6). Taunay  (1956 pp.  299-301)
 MORALES de los RIOS FILHO, Adolfo. O ensino artístico no Brasil. Rio de Janeiro :           IHGB, 1938. 429 p.
PINHEIRO, Gerson Pompeu. «A Escola de Belas Artes e a Cultura Nacional» Arquivos  da Escola de Belas Artes. Rio de Janeiro: ano XII, no 12, EBA-UFRJ, 1966, pp. 5-22
TAUNAY, Afonso E. A missão artística de 1816. Rio de Janeiro: Revista MEC/SPHAN,  no18, 1956, 351p.

[2] - Pompeu Pinheiro, diretor da EBA-UFRJ, reconheceu (1966: .6)   o projeto do plano para a Academia Imperial de Belas Artes de 1827 já encarecia a necessidade de investir o Imperador no título de Fundador e Protetor da Imperial Academia de Belas Artes”. È justo reconhecer que é melhor uma única e bem equipada instituição em pleno funcionamento, é melhor do que infinitas instituições atrofiadas pela entropia natural e impossibilitadas de funcionar com qualidade
[3] -  Rodrigues afirma (1998 fl. 47), seguindo a caminho de Weber e Faoro, que “o exercício da cooptação política é característico em modelos patrimoniais e visa, naturalmente, a  estabelecer laços de dependência a partir de um benefício outorgado”.  RODRIGUES, Celso. Tradição e modernidade na formação do estado-nação  brasileira: a assembléia constituinte de 1823. Porto Alegre:  PUC-IFCH, 1998, 196 f. Dissertação.
[4] -  Durand ao estudar (1989 p. 26) os gastos com arte “segundo dados do balancete relativo ao ano de 1875, publicado por Auler, as pensões e aposentadorias somavam cinqüenta contos de réis, exatamente o mesmo valor gasto com o verão da família real em Petrópolis e menos da metade dos cento e vinte contos despendidos com as suas cavalariças. Em um orçamento de oitocentos e vinte contos. Os bolsistas no exterior não alcançavam nem meio por cento do orçamento controlado diretamente por D. Pedro II”.                             
[5]  Ver site http://www.belasartes.ufba.br da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia
[6] Ochi Flexor afirmou (1997: 281/306) que foi copiada e alimentada pelos agentes egressos da AIBA. A sua influência se restringiu ao nordeste brasileiro, com grandes dificuldades na sua autonomia e para desenvolver seu projeto institucional. OCHI FLEXOR, Maria Helena «Academia Imperial de Belas Artes ‘inspiração’ da   Academia de Belas Artes (de Salvador)» in 180 anos de Escola de Belas Artes, Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : UFRJ, 1977, pp 281/302 

[7] - Foi nomeado diretor da AIBA no dia 22 de abril de 1854 e renunciou no dia 03.10.1857. Morales de los Rios Filho, 1938 p. 234
Fig. 04 –  Ainda em Porto Alegre, um dos primeiros interesse do jovem Manuel Araújo nas artes visuais foi o trabalho em cenários teatrais. Ele nunca perdeu este interesse. Em 1840 trabalho intensamente nos cenários e ambientes nos quais ocorreu a Proclamação da Maioridade de Dom Pedro II e depois na sua coroação. Nas suas andanças diplomáticas na Europa eram ativas as suas interações das Exposições Universais de Paris, em 1857 e de Viena em 1873. Exposições que eram cenários montados pelos países industrializados como vitrines de suas produções nacionais.
  
14.4– O projeto civilizatório institucional da arte herdado do mestre Debret.

Manuel Araújo Porto-alegre[1] aderiu ao projeto civilizatório ao longo da  sua formação na corte e elaborada pela Missão Artística Francesa. Porto-alegre se apropriou desse projeto por meio da obra de Jean Baptiste Debret, discípulo e parente de Louis David e um dos mais destacados membros dessa Missão[2]. Do seu mestre assimilou a capacidade de se representar a si mesmo e competente para fazer circular o poder político, o saber intelectual e o da arte. Consciente desta sua competência, assumiu, em 22 de abril de1854, a direção da Academia Imperial de Belas Artes como o primeiro brasileiro a ocupar o cargo. Na direção desta Academia empreendeu sua ampla reforma[3] na qual nota-se o trânsito e a mediação do intelectual e, ao mesmo tempo, o respeito para a autonomia de cada competência das artes plásticas[4]. Permaneceu no cargo até 03 de outubro de 1857, quando a sua competência foi atropelada por forças estranhas à competência da arte.

Ao súdito imperial da província do Rio Grande do Sul era impossível a busca por uma alternativa própria, dependente que era de todas as formas da cultura imposta pelo trono. Este centralismo foi registrado por Arantes do Vale[5] (1997: 35) ao escrever que “o ensino atrelado ao Governo Imperial foi um dos sustentáculos ideológicos; ambos inadequados ao fim do século XIX, quando foi proclamada a República”.  Os primeiros a ter efetivas condições para retornar à província natal, após sua formação nos cursos superiores, foram os advogados e os médicos. Eram formados em capitais de províncias periféricas à corte como São Paulo, Salvador ou Recife  e com fortes sentimentos republicanos. Estas iniciativas receberam o suporte da burguesia regional emergente. Esta burguesia tivera contato com o que acontecia em Paris, onde buscavam vender os seus produtos e importar novos paradigmas e adequados ao um novo tempo. Este movimento republicano iniciou o processo de descentralização  política e artística.


[1] - Conferir «Centenário de Araújo Porto Alegre» in Correio do Povo. Caderno de Sábado. Volume XCVI, ano VIII,  no 596  em 29.12.1979 . 16 p .CADERNOS de Artes 1 - Porto Alegre : Instituto de Artes da UFRGS Jun 1980.  (Dedicado integralmente a Manuel Araújo Porto Alegre)
     
[2] - BITTENCOURT, Gean Maria. A Missão Artística Francesa de 1816. (2a ed) Petrópolis : Museu da Armas Ferreira da Cunha, 1967,  pp. 25-34

[3] - . Reforma Pedreira (Ministro Luis Pedreira de Couto Ferraz): Decretos no  805 de 23.09.1854 e n o  1.603 de 14.04.1855. in  Vidal Neto Fernandes (1997, p.147-156)  e  Morales de los Rios (1938, p. 234)
[4] -  Araújo Porto-alegre é lembrado pelas suas teses ou perguntas formuladas na reunião pública na AIBA do dia  27 de setembro de 1855, onde, segundo Morales de los Rios Filho (1938, p. 249) entre outras coisas questionava:  “ - As diferentes escolas de pintura procedem mais da natureza do país, onde floresceram, ou das doutrinas  especiais dos seus mestres? - Qual a razão por que muitas academias se terem tornado infrutíferas as belas artes em diferentes épocas do país? - A descoberta da fotografia foi útil ou perniciosa à pintura?”. 
[5] ARANTES do VALE, Vanda. «Academia Imperial de Belas Artes - Escola Nacional  de Belas Artes» In. 180 anos de Escola de Belas Artes. Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : EBA-UFRJ, 1997. 347 – 363.

Manuel ARAÚJO PORTO-ALEGRE  (1809 – 1879) – “CHRONICA Das PARVOICES” considerada a 1ª caricatura brasileira publicada
Fig. 05 –  O inquieto e observador,  Manuel Araújo, não era indiferente aos embates políticos, sociais e econômicos. Os cenários destes embates, corrupções e delações ganharam o seu pincel para produzir imagens e cujo conteúdo de denúncia está muito presente no Brasil do século XXI  As reações não tardaram e ele foi vítima de várias caricaturas que se dirigiam a sua pessoa e aos embates nos quais se envolvera.

14.5 Leituras da natureza formal da obra de Araújo Porto-alegre

Na obra de Manuel Araújo Porto-alegre constata-se que ela foi elaborada com materiais, técnicas e instrumentos europeus. Os papeis e os pigmentos eram importados da França. O estudo da natureza formal e das técnicas, que usava, eram aquelas aprovadas e ensinadas na Academia e anteriores ao uso dos tubos de tintas preparadas industrialmente. Numa preleção aos professores da AIBA, em 1856, Manuel Araújo já fazia várias interrogações sobre a fotografia face à arte. Na mesma ocasião já prognosticava o uso da cor na fotografia, o que e fato se concretizou, em 1861, numa invenção de Jean Clerk Maxwell[1], cinco anos depois deste prognóstico.
MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE. “Porta  de Perugia”  sem data, grafite– Acervo do MARGS
Fig. 06 –  O desenho de observação do natural era uma das formas  de os  tradicionais viajantes do “GRAND TOUR” fazerem o registro antes de a fotografia se popularizar.  Para Manuel Araújo - nas suas viagens por lugares pitorescos da Europa, e especialmente Itália  - era oportunidade de colher imagens que ele transpunha para pinturas, cenários de teatro ou ilustrações para impressos.

Quem percorre a obra de Porto-alegre percebe que ela possui dimensões adequadas, tanto para os grandes espaços públicos como para os particulares. Nas obras públicas temos referências indiretas a projetos de ambientes imperiais, cenários para teatro e para a circulação do múltiplo impresso. O que melhor se preservou foram as estampas para a imprensa, que se afirmou no Brasil do período imperial. A sua rara obra de cavalete, destinava-se ao espaço particular e foi parar nas mãos do colecionador burguês que agora retorna ao espaço dos museus públicos.
Manuel ARAÙJO PORTO-ALEGRE (1809-1879) - Desenho de capa
Fig. 07 –  Uma capa de um livro desenhada por Manuel Araújo dentro do espirito romântico da busca de índices locais a abordar temáticas geográficas e índices do meio ambiente no qual se produz a ação do livro  nunca deixa de ter uma série de armadilhas estéticas e uma ironia que dão forma a sua vontade O ano da obra de 1851 foi tratado graficamente  devido a uma série  de pesquisas visuais estéticas absolutamente pessoais . Esta autonomia revela a liberdade, a criatividade e o humor de Manuel Araújo
14.6 As condições culturais da obra de Araújo Porto-alegre

Os românticos e os cientistas na Europa permitiram que Manuel Araújo Porto-alegre se deixasse contaminar pelos condicionamentos geográficos das paisagens, das florestas, das rochas, das montanhas, das cavernas e da figura do povo brasileiro de sua época. Assim a obra do seu mestre Debret fazia com que ele pudesse enxergar para além dos temas fixados pelos acadêmicos aceitos oficialmente.
Manuel ARAÙJO PORTO-ALEGRE (1809-1879) - Desenho de capa
Fig. 08 –   Manuel Araújo não perdeu a ocasião para brincar e se divertir - visual e conceitualmente - com os seus meios estéticos. A sua abordagem temática nunca deixa de ter uma série de armadilhas estéticas e uma ironia que dão forma a sua vontade de se comunicar com o seu observador.  A obra do ano de 1851 foi ocasião para dar forma a este projeto e que ganhou o palco com uma série de pesquisas estéticas ainda vigentes nos dias atuais. A reação a esta liberdade não tardou. A liberdade, criatividade e o humor de Manuel Araújo passaram a serem patrulhados pelos mais abjetos miasmas do autoritarismo, centralismo e da busca do poder a qualquer preço[1].
 Se atentarmos para o meio cultural no qual Porto-alegre se moveu, percebemos a oposição entre o ambiente provinciano e o da corte. O trono polarizava culturalmente a província e mantinha os seus habitantes como súditos presos à metrópole onde estava a corte. Na sua atuação adulta Manuel Araújo apropriou-se do código imperial e passou a ser e a agir como o burocrata desta corte.
Manuel Araújo foi um intelectual que contribuiu com textos e desenhos para os estudos que preservaram o seu pensamento. A sua passagem pela Academia permitiu que as leis fossem registradas e votadas oficialmente e os pronunciamentos orais ganhassem letra de forma. As suas obras gráficas e escritas eram destinadas à imprensa diária e para a edição de livros


[1] - Dificuldades na institucionalização da arte no Brasil;  http://profciriosimon.blogspot.com.br/2015/03/estudos-de-arte-011.html

Fig. 09 –  Um dos  lugares pitorescos da  Itália  transposta, da observação do natural de suas viagens para a pintura pelo pincel de Manuel Araújo. Busca atualizar-se nos sentimentos e gostos do romantismo europeu vigente na média da cultura europeia. Em contrapartida e na busca dos cenários brasileiros produz uma série de desenhos e pinturas que possuem por tema a floresta tropical e os seus mistérios. Porém produz de tal forma que ele contorne o mercado de arte ou a dependência desta produção e moldes comerciais ou em série. A prova disto são os seus arquivos pessoais que não comportam esta leitura e interpretação para desepero dos que tranforma a arte em mercadoria.
14.7 Leituras tipológicas e iconológicas da obra plástica de Araújo Porto-alegre.

A obra de Porto-alegre ao ser tratada por numa leitura estilística tipológica pode ser colocada entre as tendências estéticas do classicismo e do romantismo,. A sua formação está condicionada pela cultura neoclássica, trazida ao Brasil pela Missão Artística Francesa. Esta por sua vez representava a razão cultivada pelo Iluminismo francês, truncado no Brasil pela “Viradeira” (1777) de Dona Maria I (1734-1816). Foi nessa França que ele se atualizou no Romantismo, ao lado do seu amigo Gonçalves Magalhães (1811-1882), autor da obra “Suspiros Poéticos” (1836) reconhecida como a primeira obra brasileira desta corrente.

A obra visual de Porto-alegre revela-se, numa leitura iconológica, uma ponte entre a temática europeia e uma incipiente abordagem da temática da paisagem brasileira. Ao percorrer seus desenhos encontram-se apontamentos da corte onde se movem personagens da vida popular urbana da época. Não há registro de temáticas religiosas.

 A obra plástica de Manuel Araújo pertence à série cultural inaugural, no Brasil, dos artistas individuais, com assinaturas das suas obras e reconhecidas como peça autônoma. Porto-alegre pode dedicar-se, assim, à caricatura como linguagem do indivíduo, ridicularizando sua época e colocando o pensamento pessoal ao um serviço de uma política propositiva de uma nova ética. O que não pode ser ignorado e silenciado é que Manuel Araújo, depois de sua experiência na administração da AIBA, passou a se dedicar integralmente à política, e que sobrepujou as suas atividades e sua criação artística plástica individual. No entanto esforçou-se na diplomacia para criar condições institucionais e pontuais para o desenvolvimento das Artes. Nesta intenção está presente e exposições universais da indústria, do comercio, da cultura e da arte e nas quais o Brasil buscava o seu lugar.
      A obra mais intensa de Manuel Araújo se estende, na diacronia, entre 1823 (autorretrato), até 1859 quando ele se torna cônsul brasileiro na Prússia.  Já a sincronia da obra de Manuel Araújo, e cotejada com a sua época, reagiu ao Barroco tardio brasileiro e inaugurou a série cultural que se desenvolveu e paralelamente ao período romântico. Mas no conjunto está no interior das buscas da Razão e da Lógica do Neoclássico, do qual foi uma das manifestações  formais
Fig. 10 –  Os temas mitológicos são tratados por Manuel Araújo como cenários de narrativas, sugestões de encenações e que completam e se materializam no palco de um teatro.  Não se prendeu a este “revival” do mundo neoclássico. Assim as suas buscas visuais sintoniza-se com os ideais da busca da raiz e da identidade nacional coerente com as aspirações românticas.  A floresta brasileira forneceu lhe este tema.   

14.8 Os discípulos de Araújo Porto-alegre

A obra de Manuel influenciou e se projetou sobre dois discípulos que também tinham origem provinciana e com traços culturais açorianos, como eram aqueles da sua Rio Pardo de origem. O primeiro deles foi Vitor Meireles (1832-1903), originário de Desterro (Florianópolis), uma cidade de fortes traços açorianos e foi seu aluno de Pintura Histórica a partir de 1846. Já Pedro Américo de Figueiredo de Mello (1843-1903) nasceu na Paraíba, em cuja capital, até hoje, é possível encontrar traços da cultura açoriana. Manuel Araújo Porto-alegre certamente ajudou a Pedro Américo a constituir a sua consciência política por meio dos seus exemplos, permitindo-lhe ter inclusive laços familiares[1]. Manuel Araújo abriu o caminho da Europa, tanto para Victor como para Pedro, aconselhou a ambos buscar uma evolução segura nas suas carreiras artísticas.  Deve-se a Porto-alegre a solicitação da escrita e da posterior publicação, em 1858, dos primeiros textos em relação ao Aleijadinho escritos pelo professor e deputado provincial de Minas Gerais, Rodrigo José Ferreira Bretas (1815-1866).


[1] - "Pedro Américo de Figueiredo e Mello casou com Carlota de Araújo Porto Alegre, terceira filha de Araújo Porto Alegre e de Ana Paulina Delamare". In XAVIER, Paulo. «Ascendência Brasileira de Araújo Porto Alegre» in Correio do Povo. Caderno de Sábado . Volume XCVI , ano VII , n o 596, 29.12.1979.   p. 16

Fig. 11 –  O  busto de Manuel Araújo na Praça da Alfândega em Porto Alegre rende uma homenagem do Rio Grande do Sul a um seu filho nascido em Rio Pardo. Qualquer iniciativa de Manuel Araújo numa cidade de uma província distante do Rio de Janeiro encontraria obstáculos bem superiores daqueles  que Missão Artística Francesa encontrou mil e um obstáculo na capital do Reino e depois Império Brasileiro.  De outra parte era momento oportuno e necessário de reforçar a afirmação simbólica, institucional ou mesmo pessoal da identidade do projeto civilizatório brasileiro como um todo.

14.9 O legado institucional de Araújo Porto-alegre

Pela marca administrativa deixada na Imperial Academia de Belas Artes,  a maior influência Manuel Araújo foi a institucional. A atual Escola de Belas Artes (EBA) da UFRJ, sucessora da AIBA, reconhece, até o presente, os méritos administrativos de Porto-alegre na forma como institucionalizou a arte. A AIBA manteve o estudo e apreciação da sua obra administrativa e institucional. Esta apreciação só aumentou, ao longo do tempo. Sob essa ótica não é possível falar em renascimentos, mas de valorizações periódicas da sua obra administrativa. As sucessivas descobertas de sua obra como primeiro diretor brasileiro desta instituição imperial, fez com que, na prática, o lugar atual de toda a sua obra de já esteja museificada encontrando-se poucas peças suas em mãos de colecionadores particulares. Este mesmo fato permite afirmar com que toda a obra de Porto-alegre já foi estudada, apesar de não ser sistematizada ainda.  

Porto-alegre continua a ter repercussão e a ultrapassar o seu tempo na medida em que conseguiu, pela sua erudição, a vinculação e a atualização permanente com o que ocorria nos centros mais adiantados. O projeto civilizatório republicano, centrado no cidadão, opõe-se ao do súdito do Império Brasileiro.  O projeto republicano ganha sentido e se compreende na medida em que ele é diferente da cultura de súdito visível no estudo da obra de Manuel Araújo. Contudo é necessário reconhecer que a personalidade do artista e cultivo o do EU não foram estranhos para Manuel Araújo e ganharam cada vez mais espaço e adeptos no  final do século XIX. Esta crescente autonomia do EU, e do artista, permitiu lhe viver, antecipadamente vários traços marcantes do cidadão artista. Este espaço crescia na medida em que esse EU fosse capaz de uma coerência individual continuada, não importando em que área atuava ou o que produzia. Manuel Araújo Porto-alegre já transcendia o papel de súdito imperial e apontava para a cidadania, perseguida pelo projeto civilizatório republicano. Este fato permite atribuir vários traços de uma alta autonomia à obra e às iniciativas do artista sul-rio-grandense.
       Contudo a obra e o nome de Manuel Araújo tiveram de ceder lugar para o constante fluxo e o refluxo político entre o centralismo e a autonomia financeira, que exerceram no Brasil, fortes influências nas artes plásticas. A autenticidade e a identidade com a cultura brasileira tiveram esperar outras circunstâncias
Retrato em relevo de Manuel Araújo Poro- alegre devido o escultor André ARJONAS GUILLÉN (1885-1970) no túmulo de Rio Pardo e concluído em 1939.  Foto gentileza de IVAN WINK MACHADO
Fig. 12 –  O Brasil repatriou, em 1922,  os restos mortais  de Manuel Araújo erigiu  um mausoléu, na sua cidade natal, Rio Pardo, que recebeu os seus restos mortais  No entanto foi um segundo enterro e que fez silenciar a voz do Rio Grande do Sul nas homenagens,  no estudo, e na circulação constante desta memória.



FONTES BIBLIOGRÁFICAS.
ARANTES do VALE, Vanda. «Academia Imperial de Belas Artes - Escola Nacional  de Belas Artes» In. 180 anos de Escola de Belas Artes. Anais do Seminário EBA 180. Rio de Janeiro : EBA-UFRJ, 1997. 347 – 363.
BITTENCOURT, Gean Maria. A Missão Artística Francesa de 1816. (2a ed) Petrópolis : Museu da Armas Ferreira da Cunha, 1967,  pp. 25-34 .
«Centenário de Araújo Porto Alegre» in Correio do Povo. Caderno de Sábado. Volume XCVI, ano VIII,  no 596  em 29.12.1979 . 16 p

DAMASCENO. Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p
DURAND, José Carlos, Arte, Privilégio e Distinção: Artes plásticas, arquitetura e  classe dirigente no Brasil, 1855/1985.São Paulo : Perspectiva: EDUSP 1989. 307p.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. Porto Alegre – São Paulo : Globo e USP, 1975.  2v.
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Cronologia e bibliografia em http://brasilartesenciclopedias.com.br/nacional/porto_alegre_manuel.htm
Fig. 13 –  Manuel Araújo viveu e interagiu intensamente com os primeiros  cinquenta anos da soberania brasileira.  Interagiu com força e com vigor no desenvolvimento das instituições públicas como na criação e construção de um imaginário brasileiro. Instituições e imaginários ainda profundamente débeis e inseguros devido ao longo regime colonial como pela falta da autonomia de súditos apegados e praticando a escravidão ativa como a passiva. 
[Clique sobre o gráfico para poder ler]
FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
ARAÚJO PORTO-ALEGRE
https://en.wikipedia.org/wiki/Manuel_de_Ara%C3%BAjo_Porto-Alegre,_Baron_of_Santo_%C3%82ngelo 

-caricaturas
-cartas
-cronologia e bibliografia m
- desenhos

ARES de PARIS em RIO PARDO
CRÍTICA de ARTE no BRASIL e MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE
EXPOSIÇÃO PROVINCIAL de 1875 em PORO ALEGRE
DISCURSO de MANUEL ARAÚJO PORTO-ALEGRE na IABA em 1855
 GARIBALDI no RS  por  ALEXANDRE DUMAS
IMAGENS de PORTO ALEGRE
MANUEL ARAÚJO PORTO ALEGRE  e os ARTISTAS SUL-RIO-GRANDENSES
MANUEL ARAÙJO PORTO ALEGRE  e as SUAS INTERAÇÕES EUROPEIAS
RELATÓRIOS dos PRESIDENTES da PROVÍNCIA do RIO GRANDE do SUL
REPÚBLICA RIO-GRANDENSE 20.09.1835 -01.03.1845
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