segunda-feira, 15 de agosto de 2016

177 – ICONOGRAFIA INDÍGENA SUL-RIO-GRANDENSE.



 ICONOGRAFIA de OBRAS das ARTES VISUAIS INDÍGENAS.
               CONTINUAÇÂO e COMPLEMENTO de 01  Artes visuais indígenas sul-rio-grandenses

11.01 - A obra das artes visuais indígenas na atual território do Rio Grande do Sul.
11.1.1 – A obra de arte indígena sul-rio-grandense. 11.1.2 -  O estágio neolítico e a arte. 11.1.3 -  Uma obra indígena como metáfora dos demais valores. 11.1.4 -  O meio cultural ágrafo. 11.1.5 – Leituras iconológicas e iconográficas da obra indígena  11.1.6 A diacronia e sincronia da arte indígena sul-rio-grandense. 11.1.7 – As influências das obras indígenas 11.1.8 – Renascimentos das obras e concepções indígenas   11.1.9 – O lugar institucional da obra indígena sul-rio-grandense. 11.1.10 Obras  da arte indígena sul-rio-grandense no presente
Fig. 01 –  Os objetos de pedra (líticos) preservam o melhor  o pensamento, as técnicas e os sentimentos dos povos ágrafos que transitaram ou habitaram o atual território do Rio Grande do Sul do que as outras manifestações de arte.  Colhidos pelos imigrantes europeus, preservados como curiosidades  por largos períodos - sem registro de coleta e  sem abrigo institucional - dificilmente são reversíveis aqueles humanos que as produziram.

11.1.1 A obra de arte indígena sul-rio-grandense.
Quem se aproxima de culturas e nações estranhas e de outros tempos e pretende estudar as manifestar destes povos, é assaltado por grandes dúvidas. Uma delas é em relação ao conceito de ARTE de que ele é portador e daquele que  produziu a obra objeto pesquisa ou curiosidade.
Na dúvida pode-se admitir de que obra de arte indígena, do atual território sul-rio-grandense, enquadra-se perfeitamente no aforismo do “o máximo de conteúdo - no mínimo de forma”. De fato nestas obras não existe excesso nas suas formas e nem há falta do essencial. Não se trata de obra funcionalista nem de minimalismo. Não é funcionalista, pois ela não deixa de incorporar elementos puramente visuais ou materiais complexos, nem é uma obra minimalista, pois não é esse seu projeto. Nem ao menos é possível enquadrar estas obras como obras de arte, pois este é um conceito que nós lhes atribuímos nos dias atuais e de forma aleatória.
A maioria das manifestações indígenas - possíveis de entender como arte - eram efêmeras. Efêmeras como a vida traduzida em gestos, nas falas, nos sons, na plumária, na tatuagem e no aproveitamento de fibras naturais.
Almofariz de pedra indígena em forma de pássaro (ZOOMORFA) na foto de  Adriane Boeira cuja família localizou, esta peça,  num “cânion” em Canela -RS próximo a cascata do Caracol
Fig. 02 –  Num universo próximo da Natureza os objetos de pedra dos índios -  que transitaram ou habitaram o atual território do Rio Grande do Sul -  preservaram o pensamento, as técnicas e os sentimentos que as  aproxima de manifestações dignas da arte universal .  De um lado a sua função de moedores de grãos e do outro as formas destes objetos materiais são coerentes com as observações empíricas dos animais  e abstrações materializadas na pedra local.

11.1.2 O estágio neolítico e a arte.
As obras de artes visuais indígenas resultam de uma cultura que estava em vias de ingressar no neolítico quando foi desqualificada pela cultura europeia. Uma grande parte da arte indígena superou o estágio paleolítico no qual predominam obras mais descritivas e a materialidade do objeto representado. No estágio neolítico predomina a busca do arquétipo formal em direção da abstração figurativa. As formas despojadas da materialidade representativa vão se impondo cada vez mais e abrem espaço para construções geométricas. Todos os períodos clássicos das artes visuais passaram por este estágio arquétipo formal característico do neolítico. Neste estágio predomina o arquétipo da forma pura e mínima, gênese das formas das esculturas dos períodos ulteriores[1]. 


[1] - O mais estudado  destes estágios é o Cicládico grego e cuja evolução lógica passou por todos os estágios até chegar à forma amadurecida e decadente do Helenismo.
Fig. 03 –  Os objetos líticos necessitam falar por si mesmos.  Assim esta ponta de flecha lítica lascada ( paleolítico) ostenta um impressionante capacidade de observação empírica dos seus artífices. Estes talharam esta ponta em forma helicoidal.  Esta forma,  acompanhada pela haste leve de bambu e a plumagem também em forma helicoidal,  as faziam as mais penetrantes  na rotação que adquiriam sobre o seu próprio eixo longitudinal  no  arremesso, com o arco.

11.1.3 Uma obra indígena como metáfora dos demais valores.
Ao contemplar o objeto indígena sul-rio-grandense é possível perceber que ele constitui uma metáfora dos demais valores culturais do período, mesmo discordando de que ele seja uma obra de arte. Na criação do indígena sul-rio-grandense cada obra expressa o máximo com o mínimo de sua forma. Um arco e uma flecha indígena inscrevem-se nesta linhagem mesmo sendo objetos utilitários.  A oca, a rede e remo de piroga possuem as formas puras da sua funcionalidade e sem preocupação de acumular ou de perpetuar essas obras.  Estes objetos utilitários reduzem-se ao mínimo da forma com o máximo de eficiência possível no interior os materiais de que dispunham. Nesta criação o indígena brasileiro não praticava a acumulação e muito menos o trabalho em série.
Fig.04 –  Os objetos de pedra polida revelam os estágios mais adiantados das culturais (neolítico) que transitaram ou habitaram o atual território do Rio Grande do Sul.  Porém colhidos como curiosidades e preservados sem registro desta coleta estes objetivos devem falar por si mesmos. Assim depois passarem do estagio de sua naturalização  como “coisas dos índios” correm o risco de sua mitificação como “objetos de origem de uma civilização”. Nenhum destes extremos se sustenta por si mesmos.


11.1.4 - O meio cultural ágrafo.

O que denominamos hoje como “obras de artes visuais indígenas sul-rio-grandenses” foi elaborado com os materiais que a Natureza fornecia diretamente. O indígena brasileiro não conhecia o uso de qualquer tipo de metal. A floresta fornecia as plumas dos pássaros para arte plumária, as fibras para os tecidos e cestos. Variados grupos ceramistas realizavam o aproveitamento de argilas, sem que esta técnica fosse disseminada universalmente. O meio natural e os condicionamentos geográficos determinavam as técnicas e os instrumentos usados nesta produção do indígena sul-rio-grandense. Mas contraditoriamente a inteligência e a vontade resplandece nesta pureza e uso dos materiais da natureza. A inteligência e a vontade são manifestadas diretas, puras e diversificadas. Esta diversificação foge a qualquer vontade unificadora ou semiótica, a ponto de alguns lhes negaram a categoria de obras de arte, na tradição dos primeiros europeus a entrar em contato com eles.

As obras plásticas indígenas sul-rio-grandenses eram portáteis e proporcionais às dimensões do corpo humano. A maioria dos grupos era nômade em menor ou maior grau, sem animais de carga, determinando uma produção não cumulativa. Diante disto buscavam o essencial em cada peça produzida. Os elementos formais, proporções nas relações das partes entre si, determinam uma leitura estilística onde se ressalta a unidade na diversidade. O arquétipo puro não se destina à copia em séries de objetos. Cada peça é única e original.

A estrutura do clã era determinante na sociedade do indígena sul-rio-grandense. Este clã mantinha a tradição oral pela coerência das suas línguas próprias e distintas entre as diversas etnias. Assim as obras de arte eram construídas num  meio cultural ágrafo.  O mundo imaterial ágrafo era algo muito próximo à natureza e se corporificava em máscaras cerimoniais que cobriam todo o corpo, representando entes da natureza, benéficos ou maléficos. Elas deveriam ser destruídas imediatamente após o seu primeiro uso, pois nas suas concepções, os espíritos vinham residir e ter um corpo nestas máscaras. O indígena sul-rio-grandense queria distância desses entes, razão  pela qual queimava estas máscaras.
Fig. 05 –  Os povos nômades que transitaram pelo atual território do Rio Grande do Sul eram das mais variadas etnias e adiantamentos culturais. As etnias mais próximas de um estágio de sedentarização ocuparam e defenderam as partes mais férteis destas terras. Uma destas etnias foram os charruas  que ocuparam as planícies do atual Uruguai, Argentina e uma parte do Rio Grande do Sul.

11.1.5 - Leituras iconológicas e iconográficas da obra indígena

As obras de arte visuais indígenas sul-rio-grandenses não possuem uma leitura única. As tatuagens ou as pinturas corporais são exemplos destas multiplicidades de leituras. Uma delas era a destinada a proteção solar recobrindo a sua pele com uma espécie de barbotina colorida com urucum vermelho (pele vermelha). Outra leitura iconológica identificava os signos do grupo ou etnia a qual pertencia um determinado indivíduo. Outra era identificação anímica com os animais para se sentir como tais.  Outra indicava os estágios coletivos da tribo, como aqueles da paz e da guerra. Os rituais e as festas eram indicados por diversas pinturas corporais e tatuagens.

Nas obras plásticas a coerência de organização estilística visual era determinada pelo clã ou tribo que buscava a sua identidade cultural nessas obras, diante de outros clãs e tribos. Esta identidade cultural determinava as séries culturais identificáveis pela tradição técnica, estilística e temática de um clã ou tribo. Os mitos de origem davam suporte à esta identidade, perdidos nas brumas da memória de um clã ou tribo, identificado com algum antepassado. O discurso oral e as obras, que este antepassado havia iniciado, mantinham viva a tradição técnica das artes visuais indígenas sul-rio-grandenses. Esta referência mítica oral fazia circular, num clã ou numa tribo, e renovar a reprodução da tradição técnica.
Localização predominante da cultura do indígena brasileiro.
Fig. 06 –  As diversas infraestruturas técnicas e materiais - que ocuparam o atual território do Rio Grande do Sul -  possuem por base o coletador nômade. Com a gradativa ocupação e adensamento populacional estes grupos evoluíram para a caça e pesca desta atingiram os primórdios rudimentares de uma agricultura sazonal.  O gráfico segue na leitura do mais antigo (mais profundo) dos sambaquis do litoral. O habito do chimarrão, da reunião do clã e as decisões por tribos está profundamente enraizado nesta primitiva infraestrutura de coleta, caça e colheitas em roças coletivas.  
[clique sobre o gráfico para ler a tabela]
11.1.6 A diacronia e sincronia da arte indígena sul-rio-grandense.

No Rio Grande do Sul a infraestrutura da caça sistemática e seletiva mostra que a maioria das tribos havia ultrapassado a fase da dependência absoluta da coleta Os grupos mais dependentes da coleta foram deslocados, ao redor do século nono da era cristã, pelos guaranis e outras etnias com hábitos sedentários, para as regiões mais inóspitas. Nos vales mais férteis estes grupos guaranis estavam ingressando numa agricultura rudimentar e incipiente praticando a "coivara" ou queima rotativa de locais determinados da floresta, para os seus plantios de milho, de aipim e de vagens. As obras de artes visuais indígenas sul-rio-grandenses situavam nesta diacronia[1] marcadas por sucessivas séries sobreposições de infraestruturas dispares e que não se comunicavam entre si. 

As obras de artes visuais indígenas sul-rio-grandenses eram criadas para o consumo imediato e diário e sem diferenciar o artista. Na comparação sincronia entre os indígenas sul-rio-grandenses com os indígenas andinos e centro-americanos, anterior ao tempo da invasão europeia da América, consta-se que as obras das artes visuais destes últimos são tecnicamente mais refinadas. Estas eram destinadas à permanência e ao acúmulo, produzidas por castas elevadas de artistas que trabalhavam as suas obras num grau de criatividade conceitual mais evoluído, Enquanto aquelas criadas no contexto da infraestrutura vigente dos indígenas sul-rio-grandenses as obras destinam-se ao consumo imediato e sem acumular e sem especialistas.


[1] - No gráfico do presente texto a diacronia é coloca numa coluna vertical a linha de tempo (normalmente representado pela linha horizontal). Segue-se assim o modelo de estudo dos sambaquis dos indígenas sul-rio-grandenses. Nestes sambaquis o corte vertical (diacronia) percorre uma série  de camadas sobrepostas no tempo. O que se encontra  numa mesma camada horizontal aconteceu no mesmo tempo (sincronia) em que se formou esta camada.
Fig. 07 –  A cultura do Rio Grande do Sul não conheceu, em larga escala, a “retomada” da Arte Marajoara e do historicismo indígena, como aconteceu em outras regiões brasileiras. No entanto os fundamentos da catedral metropolitana ostentam - nos seus ângulos externos - cabeças estilizadas da etnia indígena esculpidas no granito rosa das pedreiras de Porto Alegre.

11.1.7 As influências das obras indígenas

Traços da obra indígena ainda estão vigentes em grande parte do território sul-rio-grandense, devido ao processo peculiar à dominação portuguesa. A cultura lusa teve de admitir uma longa influência das obras de arte indígenas, pois o dominador estava sem condições de uma invasão massiva e migração de sua própria população. O indígena brasileiro, na carência de erudição deixou de lado, não só o seu suporte físico das suas obras, mas também o suporte imaterial que os vinculava aos seus mitos. O fascínio do índio pelos objetos de metal e fabricadas pelo dominador, facilitava-lhe as suas tarefas de sobrevivência.  Contudo, estes objetos utilitários, determinavam a dominação da parte daquele que as fabricava, a ponto de o jesuíta missioneiro ter decorado a fórmula “uma alma indígena por um quilo de ferro” (Langer, 1197, p.48).

Esta ruptura com a sua tradição e seu mundo imaterial e econômico fez com que - aquilo que se admite como arte indígena sul-rio-grandense -  se congela no tempo e não se reproduziu em novos estágio culturais autóctones. Assim na atualidade a vigência de alguma obra indígena tornou-se mero objeto de estudos antropológicos e disfuncionais  para cultura local.
Fig. 08 –  O jovem indígena contempla peças escultóricas de madeira policromada e criados por diversos grupos de nativos  que transitam ou habitam o atual território do Rio Grande do Sul.  Oferecidos como souvenir e testemunho de algo que se perdeu num passado remoto. Poucas crianças viram a  onça no seu habitat, fora do zoológico natural .  
11.1.8– Renascimentos das obras e concepções indígenas

As manifestações indígenas brasileiras tiveram o seu renascimento e suas valorizações, com Romantismo brasileiro. O Romantismo buscou e valorizou a cultura originária da terra, após e contra a cultura clássica grega do Neo-Clássico. Na literatura de José de Alencar e na música de Carlos Gomes existe a busca e a valorização da cultura originária da terra, ainda que sem cunho científico ou proximidade da realidade empírica. No Brasil a temática indigenista cumpriu o papel  que arte gótica cumpriu para a identidade romântica europeia. Muitas vezes gerava o mito que encobria a verdade de origem.

Com a descoberta, em 1875, da cerâmica marajoara do século treze da Era Cristã, ocorreu uma busca de um “estilo marajoara”, que teve a sua culminância na década de 1930, em especial no Art-Decô que continua presente nas peças cerâmicas populares produzidas em Itacoatiara, no estado do Pará[1].

Vários escultores do Rio Grande do Sul retomaram os arquétipos plásticos nas suas pesquisas.  Num período bem mais recente as pesquisas plásticas de Constantin Brancusi (1876-1957)[2] e, ainda mais recente, as tendências minimalistas encontram eco nas obras. Falta um estudo estilístico das obras de um Fernando Corona ou de um Vasco Prado ou mesmo Francisco Stockinger, sob o enfoque das obras indígenas sul-rio-grandenses.


[1] - Observar o pavilhão do estado do Para na exposição Farroupilha em Porto Alegre no mês de setembro 1935

Fig. 09 –  A obra do escultor CLÁUDIO AFONSO MARTINS COSTA (1932-2005) foi buscar a sua fonte de inspiração, não só no arquétipo plástico indígena do Rio Grande do Sul,  mas também no mundo da fala e das linguagens indígenas que aprendeu com o convívio com os índios nas praças e ruas de Porto Alegre. Este escultor erudito, além disto, não transigia com os hábitos da gratuidade da vida, do contato com a natureza selvagem, ao profundo enraizamento do pertencimento ao seu povo e  à sua terra. 

11.1.9 O lugar institucional da obra indígena sul-rio-grandense. 

O governo do estado do Rio Grande do Sul criou um lugar para guardar e estudar as peças indígenas pré-históricas. O Museu Arqueológico de Taquara resultou do trabalho de abnegados estudiosos desta obra indígena. As fontes que financiam essas pesquisas e essas instituições, são, na maioria das vezes, os salários desses estudiosos que atuam como professores em instituições superiores nas disciplinas de História, Antropologia e outras.
Fig. 10 –  O projeto do Museu Arqueológico busca guardar, estudar  e classificar objetos do Índio que transitou ou se domiciliou no atual estado  do Rio Grande do Sul.  Esta instituição pertence e está ao abrigo ao Estado e que construiu um prédio no cominho de TAQUARA. 
As obras das artes visuais indígenas sul-rio-grandenses mereceram poucos estudos. Historiadores de arte, sociólogos e antropólogos contornam a especificidade estética das obras indígenas sul-rio-grandenses que possuem outros paradigmas de observação e de estudos estranhos a estes historiadores e antropólogos. De um lado esta atitude científica é louvável ao poupar estas obras das artes visuais indígenas sul-rio-grandenses de um conceito que não  é imanente à sua origem cultural. Assim estas obras são preservadas da sua transformação em mito ou produto cultural. Contudo o vácuo formado por esta abstenção da segura investigação dos elementos estéticos das obras indígenas sul-rio-grandenses, abre um largo espaço para a entropia cultural que deverá ser vencida pela próxima geração de historiadores de arte, sociólogos e antropólogos.

Isto não significa que historiadores e antropólogos não estejam pesquisando e divulgando estas descobertas. No entanto esta circulação é extremamente restrita, não encontrando eco numa população amarrada pelas necessidades básicas e - até mesmo - cada vez mais próxima da cultura do indígena sul-rio-grandense. Os frágeis  centros de pesquisa, a bibliografia com tiragem ínfima e os meios eletrônicos com escassos recursos, não permitem ainda a  reversibilidade do leitor para as obras destes pesquisadores.
TENENTE PORTELA - Desfile Indígena Semana da Pátria – Correio do Povo 07.09.2011
Fig. 11 –  O Rio Grande do Sul possui uma ativa população que se idêntica com diversas etnias indígenas que ocuparam os seus territórios.  As atividades coletivas, os eventos e as cerimônias reforçam este sentimento de pertencimento. Estas populações estão, porém, restritos aos toldos. Assim crescem numericamente, incorporam e adaptam hábitos do conquistador de seus campos de caça e coleta. Nestas circunstâncias os objetos próprios de sua cultura e da sua visualidade estão distantes da coerência interna entre função e forma que possuíam antes da chegada de culturas externas. Contraditoriamente este fato valoriza e atualiza as suas primitivas criações visuais autênticas  e autônomas.

11.1.10 Obras  da arte indígena sul-rio-grandense no presente

A visualidade indígena, que ocupou durante séculos a célula geográfica do atual Rio Grande do Sul, apenas está presente em objetos isolados. Os campos, os sambaquis das praias oceânicas, as margens dos rios e densas florestas  escondem objetos primorosos, zoolitos belíssimos e as pedras de boleadeiras de arremesso (rompe-cabeça). Em todos além da utilidade é possível ler o pensamento que gerou estas peças materiais. A partir, desses índices mínimos, há potencialidade de se reconstruir toda uma vida material desse povo e que possui profundos atrativos para a idade inicial da educação humana. Criança e índio harmonizam em muitos pontos.
Fig. 12 –  A mitificação e a projeção de sentimentos, vontades e saberes europeus sobre o repertório indígena gerou equívocos,  frustrações e sofrimentos de ambos o lados.  O ciclo da conquista da independência do Brasil recorreu ao mundo imaterial e ao repertório indígena que mitificou para lastrear a sua identidade nacional.  Era a versão tropical  do romantismo europeu; As nações e os estados do Velho Mundo recorreram e mitificaram a sua Idade Média local.. A cultura sul-rio-grandense foi menos afetada por este movimento romântico centrado na figura e mundo imaterial indígena.  Os equívocos, as  frustrações e os sofrimentos das Missões jesuíticas estavam bem presentes e vivos nas consciências locais.
FONTES NUMÉRICAS  DIGITAIS
As MANIFESTAÇÕES e EXPRESSÕES das ARTES VISUAIS INDÍGENAS do RIO GRANDE do SUL
ORIGEM do HOMEM na AMÉRICA
BATALHA de SALSIPUEDES e o MASSACRE CHARRUA
FONTES BIBLIOGRÁFICAS
CHIARA Vilma -  Índios do Rio Grande do Sul in Enciclopédia Rio-grandense. O RIO GRANDE do SUL ANTIGO Canoas-RS: La Salle.1º vol. 1956.  Pp. 02-18 ,
KERN, Arno Alvarez.  Antecedentes indígenas. Porto Alegre: UFRGS, 1994,  144p.
LANGER , Protásio Paulo. A Aldeia Nossa Senhora dos Anjos: a resistência do guarani
       missioneiro no  processo de dominação do  sistema luso. Porto Alegre: EST, 1997, 128 p.

RAMIREZ, Hugo et alii. O índio no Rio Grande do Sul: perspectivas. Porto Alegre: CORAG,  1975, 195 p.
Urna indígena - Museu Municipal de PASSO FUNDO - RS
Fig. 13 –  Os rituais que cercam a morte podem ser lidos como tentativas de preservar a memória das ações, das falas e dos saberes de quem morreu.  Os rituais, como do quarup, pretendem projetar para o futuro estes saberes, falas e ações. A urna funerária destinava-se para acolher e preservar os ossos do desaparecido e encerrava o ciclo da rememoração próxima.
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