quarta-feira, 1 de julho de 2015

ARTE no RIO GRANDE do SUL - 07


A PROVÍNCIA SUL-RIO-GRANDENSE DIANTE do PROJETO IMPERIAL BRASILEIRO.  

01. Os 50 ANOS do REGIME COLONIAL no RIO. G. do SUL
01.1 – A “VIRADEIRA” COMO ÚLTIMA ETAPA da COLÔNIA BRASILEIRA  01.2 – A CORTE no BRASIL e o REINO UNIDO.  01.3 – A ABERTURA dos PORTOS e aos PESQUISADORES e ARTISTAS 01.4 – A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA e o RIO GRANDE do SUL -  01.5 – O NEOCLÁSSICO NAPOLEÔNICO.

02. A SOBERANIA BRASILEIRA e o RIO GRANDE do SUL
02.1 – A CULTURA FALA FRANCÊS e os NEGÓCIOS são em INGLÊS e com LIBRAS ESTERLINAS. 02.2 – O RIO GRANDE do SUL e a CULTURA PLATINA. 02.3 – ASSINCRONISMO ESTÉTICo no  RIO GRANDE do SUL . 02.4 – TENTANDO ACERTAR os PONTEIROS no ASSINCRONISMO ESTÉTICA.

03. REPÚBLICA  SUL-RIO-GRANDENSE
03.1 – A REPÚBLICA SUL-RIO-GRANDENSE de 1835 até 1845 como LABORATÓRIO. 03.2 – O SUL-RIO-GRANDENSE POLÍTICO e o GAÚCHO NATURAL. 03.3 – A CONCEITOS de NAÇÃO  e ESTADO da  REPÚBLICA FARROUPILHA pela ERA PÓS-INDUSTRIAL.

04. O RETORNO ao REGIME IMPERIAL e a REVOLUÇÃO na  ARTE LOCAL
04.1 – Um GARIBALDINO FAZ a REVOLUÇÃO nas ARTES PLÁSTICAS do RIO GRANDE do SUL. 04.2 – Um ARTISTA PLÁSTICO  SUL-RIOGRANDENSE com CARREIRA LOCAL, NACIONAL e MUNDIAL.

05. Uma ONDA de IMIGRANTES com HÁBITOS ESTÉTICOS CONSAGRADOS.
05.1 – O  IMPÉRIO BRASILEIRO substitui o ESCRAVO pelo COLONO EUROPEU. 05.2 – Uma ONDA de ARTISTAS e de APRECIADORES de ARTE

06. PREPARANDO o  REGIME REPUBLICANO
06.1 – Os GRÊMIOS REPUBLICANOS durante o IMPÉRIO BRASILEIRO. 06.2 – As ARES de PARIS CHEGAM ao RIO GRANDE do SUL 06.3 – As ARTES do PERÍODO IMPERIAL pela ÓTICA PÓS-INDUSTRIAL


01. Os 50 ANOS do REGIME COLONIAL no RIO. GRANDE do SUL

01.1- A “VIRADEIRA” COMO ÚLTIMA ETAPA da COLÔNIA BRASILEIRA . 
Fig. 01 – A capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul foi um território construído árdua e sangrentamente ao longo do Brasil colonial.  Esta construção partiu de pequenos núcleos urbanos em direção aos campos e ao meio rural.

 Por um alvará, datado de 05 de janeiro de 1785[1], a Rainha de Portugal mandou fechar todo e qualquer projeto de industrialização no Brasil. A corte de Dona Maria I (1734-1816)  de Portugal reconduzia o Brasil ao seu papel de Colônia ou ‘plantation’. Este alvará foi  um dos atos da política da “Viradeira” (1777), contrária à do Marques de Pombal (1699-1782). Alguns raros "iluminados" de Minas Gerais foram os poucos que teimaram em continuar a perigosa abertura concedida, entre 1750 e 1777, à colônia brasileira pelo Marquês de Pombal. Estes  "iluminados" interpretaram tarde a abertura pombalina e a  pagaram com a vida ou o degredo na África ao longo da “Viradeira”. Na arte brasileira o gênio do Aleijadinho  interpretou magistralmente a loucura da Rainha nos seus escatológicos e lancinantes profetas de Congonhas do Campo. 



[1] - A indústria (manufatura de bens) foi proibida no Brasil  por alvará de  Dona Maria I promulgando em 5 de janeiro de 1785 que escrevia “sejam extintas e abolidas por qualquer parte em que se acharem em meus domínios do Brasil [ ] manufaturas, ou teares, e das fazendas que nelas houver..”..
Fig. 02 – A expansão, consolidação e legitimação da ocupação do atual território político do Rio Grande do Sul a partir da matriz econômica, cultural e social lusitana foi realizada em sincronia e apoio de forças externas. Internamente a diacronia seguiu etapas distintas e reelaboradas com os meios e circunstâncias locais  De outra parte esta sincronia ou diacronia não sã fatos passivos e isentos de tratados e contratos discutidos antes, durante e após cada nova etapa. O Tratado de Madrid, de 1750,  e de Ponche Verde, de 1845, podem serem vistos como um destes pactos. .
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01.2 –  A CORTE no BRASIL e o REINO UNIDO.
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O Rio Grande do Sul não teve participação direta na Inconfidência. Com a intensificação do fisco e controle central decorrente da Inconfidência alguns fazendeiros e empreenderes começaram a perceber as oportunidades novas nos antigos Campos de Vacaria das Missões[1] com posteriores nuclearizações urbanas  como a atual cidade de Passo Fundo.
O movimento das lideranças do Rio Grande do Sul foi fortalecido pela vinda e domicilio provisório da corte lusitana ao Brasil, entre 1808 e 1821.
Mapa do Continente do Rio Grande do Sul em 1780
Fig. 03 – O Tratado de Madrid  foi rompido pelo Do Pardo de 1761.  Espanhóis voltaram a ocupar o território da Capitania de São Pedro e a sua capital Rio Grande, em 1763.   A Capitania ficou reduzida a língua de terra entre a Lagoa dos Patos, o Atlântico Sul e as margens esquerdas do estuário do Guaíba. Para marcar as atuais fronteiras  todas as energias foram  consumidas entre esta data e a Independência do Brasileira. Politicamente representa o último meio século do Regime Colonial lusitano no Rio Grande do Sul e no Brasil.
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Neste ambiente de reforço às lideranças locais se inscreve a definitiva tomada de posse das terras e núcleos urbanos das antigas Missões jesuíticas. Os diversos confrontos nas incertas fronteiras desta região era objeto de observação desta Corte e reforço militar constante[1].  Neste movimento militar e fixação de população de fala portuguesa a cidade de Rio Pardo foi apoio logístico permanente. A partir deste município abriu-se a marcha para o Oeste e a conquista definitiva das antigas Missões jesuíticas. Rio Pardo constituiu-se na “Tranqueira Invicta” contra as pretensões dos espanhóis.



[1] - Invasões espanholas e a reconquista de Rio Grande  http://www.ahimtb.org.br/confliext5.htm

Fig. 04 – Hipólito José da Costa  nasceu em Colônia do Sacramento, passou a sua juventude em Rio Grande reconquistada dos espanhois. Vigiado, ameaçado censurado pela inquisição lusitana passou uma temporada nos Estados Unidos. Com uma formação jurídica e com amplo apoio britânico criou e redigiu o Correio Braziliense a partir de Londres   Além de editar a partir de documentos internacionais disponíveis neste centro econômico mundial mantinha a esperança de Portugal pudesse imitar os ingleses na construção de um Commonwealth[1]l lusitano

01.3  A ABERTURA dos PORTOS e aos PESQUISADORES e ARTISTAS

O berço de Hipólito José da Costa (1774-1827) foi a cidade Colônia do Sacramento do atual Uruguai. A família passou para Rio Grande onde estudou. Completou sua formação  em Coimbra, estagiou nos Estados Unidos e depois se transferiu e fixou-se em Londres a metrópole mundial da economia. Na Inglaterra foi um arauto da independência do Brasil. Na época da transferência da corte ao Brasil fundou o Correio Brasiliense[2] que fez circular regularmente. Com este jornal ajudou a preparar e manter o alinhamento do Brasil com o Império Britânico, contra a França de Napoleão. Escreveu, publicou e fez circular mensalmente, de julho de 1808 até dezembro de 1822, o o seu jornal contra os interesses gauleses e contra o entreguismo ao primeiro vencedor do Estado Português.
Em consequências da Abertura dos Portos aos navios das “NAÇÕES AMIGAS”  houve um movimento de curiosidade europeia para conhecer as potencialidades da terra que tinha permanecido fechada aos não ibéricos ao longo de séculos[3]. As missões científicas partiram de todos os pontos europeus inclusive da Rússia Czarista. Algumas destas missões foram proibidas de entrar no Brasil como aquela liderada por Alexander von Humboldt (1769-1859)[4] e monitorada por Johan Wolfgang von Goethe (1749-1832)[5].

01.4 – A MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA e o RIO GRANDE do SUL
Outras missões foram convidadas, apesar de grandes resistências e para desgosto de alguns.  Foi o caso da Missão Artística Francesa que chegou no início de 1816. Era formada por artistas e técnicos que haviam servido a corte decaída de Napoleão Bonaparte. A sua presença física teve de esperar até 12 de agosto de 1816 para haver algum reconhecimento oficial.
Essas presenças europeias eram misturadas com interesses em buscas de matérias primas e as possibilidades de colocação dos produtos da Era Industrial. De outra parte estas presenças   materializavam o que George SIMMEL[6] escreveu a respeito do papel do estrangeiro numa cultura. Este estranho era percebido coma alguém neutro e potencial árbitro.



[1]   COMMONWEALTH BRITÂNICO  -  https://pt.wikipedia.org/wiki/Commonwealth

[3] - EXPEDIÇÔES ao BRASIL APÓS a ABERTURA do PORTOS http://www.dezenovevinte.net/artistas/viajantes_mla.htm

[6] SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid:         Alianza. 1986,  817.  2v.

Fig. 05 – O cientista e pesquisador Auguste Saint-Hilaire percorreu  o Rio Grande do Sul de junho de 1820 até  junho de 1621..  Repetiu na província o que já havia realizado em Minas Gerais, Goiás e São Paulo. Além da botânica realizou finas observações antropológicas de usos e costumes das diversas camadas étnicas, culturais e econômicas e as circunstâncias urbanas e técnicas, as registrou e publicou posteriormente na França.

O Rio Grande do Sul recebeu especialmente a visita, as pesquisas e os registros de Auguste Saint Hilaire[1]. No seu papel neutral e potencial árbitro anotou a total falta de continuidade de qualquer administração  publica no Brasil. Ele constatou e escreveu em relação a Igreja de São Miguel das Missões.  
João de Deus, um dos primeiros governadores desta província, pretendia fazer reparação nesse edifício (Igreja de São Miguel das Missões), tendo para isso reunido os materiais, dispendendo muito dinheiro, mas, tendo sido substituído, o sucessor não levou avante seus projetos. As reparações foram interrompidas e as despesas feitas tornadas inúteis. Tal é ainda um dos inconvenientes do poder absoluto outorgado aos governadores de província. Cada qual dá início a uma determinada obra e quase nenhum continua a de seu predecessor; o dinheiro público é dissipado e as províncias se endividam para sempre.( 1939 p. .300)
Para esta continuidade faltava o hábito de  um pacto social  e um projeto econômico nacional.  Seria de admirar se este projeto ou pacto nacional existisse numa colônia mantida em inteira heteronomia intelectual, econômico e afetivo de uma terra estranha e distante. A continuidade da Missão Artística Francesa não teve melhor sorte nesta memoria colonial  mergulhada no hábito da heteronomia internalizada.
Fig. 06 – Manuel Araújo Porto-alegre não se limitou a estética dos seus mestres. Partiu destas lições para se atualizar na fonte europeia e depois fazê-las vingar nas circunstâncias brasileiras. Não desanimou diante de uns pais carente de indústria e profundamente mergulhado nos hábitos coloniais. A temeridade e a ousadia de tentar provocar a mudança desta mentalidade custaram-lhe o cargo de diretor da Imperial Academia de Belas Artes

Posteriormente a Araújo Porto Alegre irá ser um dos discípulos e continuadores das sementes dos ensinamentos da Missão Artística Francesa.

01.5 – O NEOCLÁSSICO NAPOLEÔNICO

A Missão Artística Francesa, de 1816, trazia o projeto decaído de Napoleão Bonaparte. Esta corte formalizara a estética do CLASSICISMO sob a etiqueta do NEOCLÁSSICO inspirada no legado greco-romano. Esta tendência esgotara as suas fórmulas, entrara em declínio.  Era substituída gradativamente pelo ROMANTISMO na busca das vertentes das raízes nacionalistas. Raízes das quais  emergiam os estados e governos dos países em construção para a nova realidade técnica da ERA INDUSTRIAL.
O IMPÉRIO BRASILEIRO não só concedeu ao chefe do novo estado soberano o título de IMPERADOR, ao modelo napoleônico, mas também cobriu palácios e prédios públicos com as tendências comandadas pelo NEOCLÁSSICO.
 Os hábitos e as mentalidades estéticas no Rio Grande do Sul deixaram-se abalar pouco por esta mudança do vértice do novo e cambaleante regime imperial brasileiro.
Fig. 07 – O projeto do Theatro São Pedro - iniciado em 1833 e inaugurado 27 de junho de 1858 após a Revolução Farroupilha - constitui  uma das obras ainda existentes em 2015 que evidenciam a estética da tendência NEOCLASSICA do Período Imperial Brasileiro. A sua fachada rima plasticamente a fachada da Igreja da Conceição de Porto Alegre inaugurada no mesmo ano deste teatro.

Nesta primeira fase da soberania  brasileira pouco puderam ajudar a entrada  de imigrantes do centro da Europa para uma mudança de mentalidade colonial. Este migrantes eram pobres e recém-libertos do servidão medieval e feudal,  internamente eram cada vez mais evidentes, na Província Imperial, os intensos sintomas da revolta e ruptura constitucional farroupilha

02. A SOBERANIA BRASILEIRA e o RIO GRANDE do SUL .

02.1 – A CULTURA FALA FRANCÊS e os NEGÓCIOS são em LIBRAS ESTERLINAS.

  A Independência Brasileira foi recebida no Rio Grande do Sul sem traumatismo externo. Contudo as elites dominantes, libertas do jugo português, entraram em conflito entre si mesmas.
A cultura, a fala e as artes eram francesas, os negócios eram em inglês por efeito da PRIMEIRA ERA INDUSTRIAL EUROPEIA. Essa dicotomia arrastou-se ao longo do todo o Império: importavam-se os livros, moda e perfumes  franceses, pagos com libras esterlinas.
 Fig. 08 – As construções sóbrias dos prédios das fazendas do interior do Rio Grande do Sul obedecem às rigorosas proibições de qualquer conforto. Inclusive quanto à lareiras ou qualquer retrato do dono ou decoração A austeridade da fachada  faz uma simbiose com a paisagem do pampa sul-rio-grandense.

     Neste ambiente na heteronomia estética. intelectual e econômica os artistas ativos no Rio Grande do Sul, durante o Império Brasileiro, não encontraram as mínimas condições de um sistema de artes. Não existiam associações, escolas, salões de arte, professores profissionalizados nem mercado de arte e crítica. A criação artística não constituía uma necessidade essencial para essa sociedade, que cultivava de preferência a arte da intriga, dos eventos passageiros e da emoção prometida pelo barroco e controlada ainda pela contrarreforma

Trindade - Museu de Arte Sacra de Rio Pardo -  relevo em madeira
Fig. 09 – O entalhe em madeira e a sua policromia estava reservada ao interior dos templos nos quais o poder publico colonial e imperial queria ostentar a sua magnificência e onipresença.  De outra parte a estética ia buscar temas, recursos estilísticos no Barroco e no imaginário da Contrarreforma.

Nas províncias afastadas da corte  a persistência das fórmulas e de tipologias barrocas encravadas em seculares hábitos coloniais. A falta de vontade de mudanças e sincronia com o novo eram impensáveis nestas províncias da periferia e refúgio daqueles educadas na estética vigente no período colonial. Foi o caso do toreuta lusitano João do Couto e Silva (Lisboa? – Porto Alegre 1883), que trabalhou em Porto Alegre[1] após a Revolução Farroupilha (1835-1845).  As obras assinadas por Couto e Silva nas Igrejas da Conceição (1858) e das Dores, evidenciam a arte periférica e descompassada das tipologias estéticas neoclássicas trazidas pela Missão Artística Francesa aos grandes centros hegemônicos do Brasil. O mesmo aconteceu em Goiás do Mestre José Joaquim da Veiga Valle (1806-1874), em Minas Gerais do Mestre Ataíde (1762-1837)  e mesmo no Nordeste.



[1]  - DAMASCENO. Athos. Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo, 1971, 520 p

Fig. 10 – A imprensa no rio Grande do Sul começou como recurso do Estado Imperial.  Com poucos alfabetizados e menos interessados em leitura teve um longo período de tentativas e erros. Além de carecer de uma suporte técnico, profissional e logístico os hábitos coloniais da falta deste veículo de comunicação teve um longo e árduo período de adaptações, tentativas e erros que se refletem nos jornais da Revolução de 1835-1845  Assim também ficam restritos os documentos e as potenciais informações que historiador necessita buscar com evidentes mitificações e impossibilidade de rever estes feitos, mormente se não eram de cunho oficial.

02.2 – O RIO GRANDE do SUL e a CULTURA PLATINA.
A estrutura econômica do Rio Grande do Sul, fundada na pecuária, foi responsável pela abertura e a construção de uma autonomia cultural e pessoal. Autonomia visível nos passos de Hipólito José da Costa proveniente da cultura platina. O porto oceânico de Rio Grande, (a  primeira capital  entre 1737 e 1763), estava aberto para a nova economia e também para a cultura do Rio da Prata como Buenos Aires e  Montevidéu.
Assim a cidade de Rio Grande tornou-se pioneira da recém inventada arte industrial da fotografia. Os artistas ativos em Rio Grande, como os irmãos Caetano, Serafim e Plácido Ribeiro também possuíam estúdios fotográficos a partir de 1854. Cinco anos depois, o fotógrafo francês Edouard Timelon Zelony tentou repassar o desenho e a pintura numa escola de artes fundada durante a administração do Duque de Caxias em Porto Alegre[1]. Continuava no seu estúdio e firma de importação de produtos fotográficos. Os germens dessas primeiras escolas de arte apareceram também em Pelotas onde se tentava dar corpo ao ensino acadêmico de arte[2] destinado a burguesia e não mais dependente do Estado Brasileiro[3].



[1]  - Damasceno,(1971 :  82 /5,  248) descreve a atuação de Zelony em Rio Grande  e também a criação, em Porto Alegre,  do Liceu em D. Afonso criado pela Lei n° 52, em 23.05.1852,  por Caxias , onde o mestre de Rio Grande deveria exercer a cadeira de Desenho.  Segundo Schneider (1993,  p. 94) no ano seguinte o presidente Manoel Antônio Galvão criou uma escola para meninos anexa a Escola de Artífices do Arsenal de Guerra. Mas  a continuidade da leitura ( p.95) da mesma autora da descrição das atividades diárias destes meninos, não podia deixar qualquer margem para a criatividade

[2] O italiano Frederico Alberto Crispin Francisco Arnoldi Trebbi (1837-1928), além da atividade de pintor, tentou estabelecer uma escola de artes, na qual estudou Leopoldo Gotuzzo (1887-1984) como se supõe

[3]  - Damasceno, 1971 : 220/4.

D. Pedro II em Porto Alegre - Foto Luigi Terragno 1831-1891 em 10.07.1865  in TOBINO -2007
Fig. 11 – O fotografo Terragno registrou o desembarque do Imperador  Dom Pedro II no dia 10 de julho de 1865 no cais da Praça da Alfândega.  O Imperador estava a caminho da Guerra com o Paraguai e a rendição do exército deste pais em Uruguaiana

A verdade é que a ERA INDUSTRIAL europeia visava mais o mercado platino do que o brasileiro. Os novos regimes republicanos, destes novos estados emancipados da Espanha, como  as trocas com produtos agrícolas eram mais vantajosos do que as brasileiras e atraiam aos portos Rio da Prata e os seus afluentes,  tanto o comprador com o vendedor dos produtos das máquinas europeias
Fig. 12 – O interior do Rio Grande do Sul manteve a sua arquitetura tradicional. Preservou-se especialmente em terra mais de mais antiga ocupação lusitana como na cidade de Mostardas. A estética da tendência NEOCLASSICA do Período Imperial Brasileiro também tardou a chegar a estes centros urbanos distantes e sem conexões fáceis com a metrópole. Junta-se a isto razões econômicas e técnicas, inerentes a esta tendência,  bem mais caras e de difícil criação e elaboração.
 
02.3 – ASSINCRONIA ESTÉTICAS e ECONÔMICAS no  RIO GRANDE do SUL 
Sem uma base industrial o RIO GRANDE do SUL não podia contrapor ao comércio simbólico e físico comandado pelas nações hegemônicas da ECONOMIA decorrente da ERA INDUSTRIAL. A cultura alheia entrava como outro produto qualquer pelas fronteiras da Província que não tinha este suporte material da indústria própria.
HAMBURGO-VELHO c. 1855 - Lito do Oscar CONSTATT
Fig. 13 – Ao exemplo das vilas e aglomerados europeus  os caminhos das primeiras colônias alemãs do Rio Grande do Sul se cruzavam em Hamburgo Velho. As oficinas dos artesãos e lojas de comerciantes começaram a se fixar nestes pontos. e com residências próximas os sobre as próprias lojas e oficinas. Invertia-se o processo lusitano de iniciar pelo urbano para se dominar depois o meio rural. Os caminhos de Hamburgo velho partima da área rural para depois e em consequência da riqueza rural ganhar o meio urbano

 De outra parte a longa da heteronomia colonial e a persistente escravidão legal inviabilizavam um projeto nacional unitário de uma indústria própria e uma economia para todos.

02.4 – TENTANDO ACERTAR os PONTEIROS no ASSINCRONISMO ESTÉTICA.
O rio-pardense Manuel Araújo Porto-alegre[1] (1806-1879) influenciado por seu mestre Jean Baptiste Debret[2] passou a trabalhar a temática e as técnicas da Europa. Enquanto isto o toreuta Couto e Silva continuava trabalhando no interior das tipologias formais que comandavam os cânones barrocos.  Graças ao seu mestre Manuel Araújo foi se aperfeiçoar e atualizar na Europa. Ali foi buscar nas fontes aos ensinamentos da Missão Artística Francesa e as novas tendências após Napoleão Bonaparte.  Novas tendências estéticas que acrescentou ao projeto estético da política imperial brasileira superando e alargando a tipologia e o suporte ideológico formal do Neoclássico. Esta tipologia Neoclássica Imperial Brasileira não foi limite intransponível ao artista sul-rio-grandense, pois ele já estava em contato com os poetas românticos, os incentivou e ela praticava a caricatura para revistas da época.



[1] - Adota-se aqui a grafia Porto-alegre como o artista assinava os seus textos e suas obras. Deve-se essa grafia a pesquisadora Cibele Vidal Neto Fernandes (2002 : 29, nota 02) da EBA-UFRJ. Contudo respeita-se a grafia Porto Alegre, quando são citações literais de outros autores. O mesmo acontece com Libindo Ferrás que a maioria dos autores grafa Libindo Ferraz enquanto o artista assinava na primeira forma.
VIDAL NETO FERNANDES, Cybele. «O ensino de pintura e escultura na Academia de Belas Artes» in 185 anos da Escola de Belas
       Artes. Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000/2002, pp. 09-40.

[2]  - GUIDO Ângelo (GNOCCHI) (1893-1969). Araújo Porto Alegre: o pintor e a personalidade artística. Porto Alegre: Secretaria de
             Educação e Cultura  do Rio Grande do Sul/Divisão de Cultura1 1957 p.29-59

Fig. 14 – O artista plástico, escritor, poeta e administrador Manuel Araújo Porto-alegre em mais uma incursão pioneira no Brasil com a primeira caricatura impressa de que se tem notícia. Numa das suas palestras como diretor da IABA – 1854-1857 prognosticou o uso da fotografia em artes visuais e a potencialidade de ela ser colorido o que só aconteceu experimentalmente em 1861[1]
Na geração seguinte o porto-alegrense Pedro Weingärtner (1853-1929)[2] seguiu diretamente para a Europa. Ali estudou, circulou e produziu sua obra na cidade de Roma
   Tanto Manuel Araújo, como depois Pedro Weingärtner, eram artistas de relações pessoais com D. Pedro II, que confiou, ao primeiro, a direção da Academia Imperial de Belas Artes e ao segundo, uma bolsa às suas custas. Quando a República foi proclamada o pintor Pedro Weingärtner retornou ao Estado natal e passou a fixar a paisagem e os hábitos sulinos numa obra de altíssima qualidade plástica. Mas não existia em Porto Alegre, da época, nem mercado de arte, nem escola de arte ou crítica que pudesse divulgar a sua obra.

03. REPÚBLICA SUL-RIOGRANDENSE
03.1 – A REPÚBLICA SUL-RIO-GRANDENSE de 1835 até 1845 como LABORATÓRIO.

A década de 1835 até 1845 do Sul foi um período de distanciamento político do regime imperial brasileiro. De outra parte foi um ensaio e um laboratório de um possível regime republicano no Brasil.
No âmbito brasileiro este regime republicano sul-rio-grandense foi temporão. Especialmente considerando os profundos e arraigados hábitos do recém-ultrapassado regime Colonial Brasileiro. No âmbito interno a vigência da escravidão continuou legal e não abolida formalmente por este regime republicano sul-rio-grandense,.
Porém ao abrir o leque das repercussões internacionais,  além das influências recebidas de fora, é necessário considerar o que o regime republicano sul-rio-grandense exportou. A presença pessoal na República Sul-Rio-Grandense daqueles s que lideraram os longos processos da unificação italiana com ideias e com ações concretas merecem ainda um estudo além das citações esporádicas de Alexandre Dumas[3].



[2] - GUIDO Ângelo (GNOCCHI) (1893-1969) Pedro Weingärtner. Porto Alegre : Divisão de Cultura- SEC/RS –1956, 228 p

Fig. 15 – O Lenço Farroupilha com as insígnias e dísticos da Republica Sul-Rio-Grandense. Após a Paz de Ponche Verde em 1845 saiu de moda como objeto de distinção. Retomada com o movimento Republicano foi queimada em praça publica pelo Esartado Novo. Com a redemocratização e pelo trabalho dos CTGSs a partir de 1948 ela voltou com toda força e identidade. Na década de 1961º escudo e bandeira oficial do Rio Grande do Sul se basearam neste desenho[1]
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03.2 – O SUL-RIO-GRANDENSE POLÍTICO e o GAÚCHO NATURAL

Na ERA PÓS-INDUSTRIAL se dissipam os nevoeiros conceituais da ERA INDUSTRIAL. Conceitos e hábitos que encobrem ainda densamente os fatos, as biografias e os resultados dos feitos praticados entre 1835 e 1845. Um dos conceitos que esta ERA INDUSTRIAL encobre é aquele que confunde o gaúcho com sul-rio-grandense.
A Revolução Farroupilha é um marco e uma ocasião para desafazer esta confusão. O gaúcho é um termo que nasceu pejorativo atribuído, pela sociedade ibérica, ao marginal incontrolável pelo regime colonial. Com o final desde regime colonial o termo gaúcho foi atribuído indiscriminadamente à criatura humana naturalizada no ambiente da bacia do Rio da Prata e com eventuais ultrapassagens deste território geográfico. O sul-rio-grandense  é um termo artificial e voluntário resultante do feito político da construção de um estado com identidade própria e com território demarcado por meio de projetos e de acordos consolidados no tempo.
Guilherme LITRAN - Bento GONÇALVES da SILVA - Museu Julião de Castilho
Fig. 16 – Bento Gonçalves da Silva (1788-1847) [1]  liderou a Revolução Farroupilha e foi seu presidente. Porém as divisões internas do movimento e a persistência dos velhos hábitos coloniais e a escravidão - mantida legal e necessária para grande números de lideres - não permitiram permanência do projeto da soberania nacional sul-rio-grandense

03.3 – A CONCEITOS de NAÇÃO  e ESTADO da  REPÚBLICA FARROUPILHA pela ERA PÓS-INDUSTRIAL.

Com a paz de Ponche Verde (01.03.1845)[2] esta concepção do ESTADO  REPUBLICANO SUL-RIO_GRANDENSE - com a sua respectiva   NAÇÃO - teve de ser revista, apagada ou, ao menos, escondida sob o denso nevoeiro conceitual que confundia intencionalmente a concepção natural do “gaúcho” com o termo político “sul-rio-grandense”.
Antônio Cândido de MENESES (1826-1908) - Dom Pedro II – Museu Júlio de Castilhos
Fig. 17 – O pintor artista Antônio Cândido de Meneses foi outro sul-rio-grandense estudante da Imperial Academia de Bels Artes do Rio de Janeiro. Porém sua pessoa e obra ainda não receberam um estudo mais acurado e separado. Existe um grande número de pessoas que Damasceno (1971, p.266) identificou como discípulos deste mestre como aqueles que se apresentaram na Exposição Comercial e Industrial de 1875.  

Os termos ensaiados que tentam envolver  conceitos como “NAÇÃO no ESTADO  REPUBLICANO SUL-RIO-GRANDENSE”, entre 1835 e 1845, podem serem remetidos e estudados no âmbito das ideias de Eric HOBSBAWN[1]. Este autor afirma (1990: 31)  que “o significado de “nação”, e também o mais frequentemente ventilado na literatura, era político”. Como foi político o Decreto Nº 01, de 15 de novembro de 1889[2] da Republica Brasileira ao declarar, no seu artigo 3º, que as antigas Províncias imperiais como “ESTADOS SOBERANOS”.
Esta perigosa e explosiva carga politica irá se arrastar, ao longo de toda a REPÚBLICA VELHA e foi incinerada em novembro de 1937 com a queima física das bandeiras de todos os ESTADOS REGIONAIS “SOBERANOS”.
Para elucidar um pouco esta contradição  e tentar transformá-la em complementariedade - é necessário retornar para  HOBSBAWN quando ele adverte (1990: 215) que:
“nação” e “nacionalismo” não são mais termos adequados para descrever as entidades políticas descritas como tais, e muito menos para analisar sentimentos que foram descritos, uma vez, por essas palavras .
 Esta observação nos coloca no campo aberto pelas dúvidas e incertezas que acompanham o cortejo da ERA PÓS-INDUSTRIAL
No que concerne aos índices visuais,  provenientes da década revolucionário sul-rio-grandense de 1835 a 1845, são raros e cobertos das mais variadas leituras. Eles necessitam serem buscados a partir dos jornais, objetos e raríssimas construções visuais das armas e escudos. Estes de nítida inspiração maçônica, foram trabalhados e oficialmente adotados nos usos oficiais de um ESTADO REGIONAL AUTÔNOMO federado.   ESTADO REGIONAL AUTÔNOMO no seio de um ESTADO NACIONAL BRASILEIRO SOBERANO em 2015.



[1] HOBSBAWN Eric J, (1917-2012)– Nações e nacionalismos desde 1780: programa, mito e realidade Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, 230 p.

04.  A REVOLUÇÃO  CONTINUA na ARTE após RETORNO do REGIME IMPERIAL .

04.1 – Um GARIBALDINO FAZ a REVOLUÇÃO nas ARTES PLÁSTICAS do RIO GRANDE do SUL.
Fig. 18 – O monumento ao Conde de Porto Alegre é considerado coma a primeira estátua publica erigida em Porto Alegre. Há controvérsias sobre a sua elaboração. Mas o que é certo que é da Oficina de Adriano Pittanti que inclusive gravou o nome de sua oficina na obra. Elas se inscreve nunuma série de oficinas de escultura que contratavam mestres, artesões e artistas tanto para obras publicas, prédios como para túmulos em necrópoles.

   Giuseppe Garibaldi (1807-1883) depois da sua experiência farroupilha e da Unificação da Itália, aconselhou a Adriano Pittanti (1837-1917) a escolher o Rio Grande do Sul. Após seguir o conselho  exerceu a sua arte de escultor numa oficina comandada por ele. Como bom artista e empresário do ramo da escultura Pittanti pesquisou 75 tipos diferentes de mármores sul-rio-grandenses. Com esse material local, Pittanti erigiu a 1ª estátua pública de Porto Alegre na Praça da Matriz[1]. Tratava-se da estátua do Conde Porto Alegre que se encontra, hoje, na praça do mesmo nome. Pittanti dedicou-se depois à arte tumular. O seu público foi a burguesia do ‘Fin-du-siècle’ que aspirava, como última vontade, perpetuar-se em túmulos aparatosos.



[1]  -  Damasceno, 1971 pp.160/164.

Fig. 19 – A vida os hábitos e os feitos de Adriano Pittanti, como antigo soldado garibaldino da Unificação da Itália, estão sendo reconhecidos, nesta foto de 1913, quando o cônsul italiano o visita no seu retiro em Hamburgo Velho  Os dizeres do seu  túmulo na cemitério publico de Hamburgo Velho, que ele mesmo elaborou, são índices do seu espírito libertário e que o distanciavam da sociedade e da cultura de uma terra estranha.

 De outra parte abriu o caminho para uma legião de escultores e oficinas de escultura  estudados por Arnoldo Doberstein[1]. Ao construir o seu próprio ‘mausoléu’, o próprio Pittanti, como bom anarquista, zombou desse hábito. Gravou em mármore, no centro do seu túmulo, a frase ‘aqui os felizardos Francisco Meyerhefer, Adriano e Júlia Pittanti estão a espera de tutti quanti’. Num medalhão arrematou com um pedido aos vivos ‘orae  por vós[2].
Porém a semente da arte da península italiana era forte, consistente e fecunda. O artista paraibano Pedro Américo - que residiu e produziu na Itália - escreveu em carta de Milão[1], no dia 24 de julho de 1884, que:
Mais do que isto: [os artistas italianos] são os benfeitores da pátria, a qual sem a gloria do nome deles, e sem os magníficos monumentos saídos do seu engenho, nunca passaria, talvez, de uma grande peça de retalhos, destinada a pertencer a muitos déspotas poderosos, e cegos diante de uma simples expressão geográfica”.

Estes artistas e imigrantes italianos que vieram avulsos e antes da Grande Imigração de 1875 foram estudados pela pesquisadora Núncia Santoro[3]. Ela lhes conferiu o título de “italianos da Esquina”.



[1] DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Porto Alegre 1900-1920: estatuária e ideologia. Porto Alegre : Secretaria Municipal de Cultura, 1992, 102 p. il.
____________.  Porto Alegre(1898-1920): estatuária fachadista e  monumental, ideologia e sociedade. Porto Alegre: PUC-IFCH, 1988, Dissert 208 f..
_____________. Rio Grande do Sul (1920-1940): estatuária, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre: PUC-Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 1999, Tese 377 f. 

[2] - O mausoléu de Adriano Pittanti encontra-se no Cemitério Maçônico ao fundo do Cemitério Católico de Hamburgo Velho. Ao lado do mausoléu de Adriano está o túmulo de Domenico Pittanti.

[3] CONSTANTINO, Núncia Maria Santoro (1944-2014)  Italianos em núcleos urbanos e na capital do Rio Grande do Sul 1986 4 p.
-----------------O italiano da esquina: meridionais na sociedade porto-alegrense e permanência da identidade entre moranenses. São Paulo  1990 389 f.   http://www.revistaitaliagaucha.com.br/comunidade-se-despede-de-nuncia-santoro-de-constantino/

Fig. 20 – O titulo “TEMPORA MUTANTUR” é um dos temas escolhidos pelo pintor Pedro Weingärtner são coerentes com  a terra, sociedade cultura que os imigrantes europeus encontraram no Rio Grande do Sul.  Ele mesmo da segunda geração destes imigrantes traz para suas telas as narrativas orais, as frustrações e as celebrações daqueles que viviam distantes de sua origem.  No entanto a fidelidade ao desenho, à tinta e ao pincel sobre uma superfície plana, revelam um mestre que conhece, respeita e valoriza os limites formais que este meio, de sua escolha, lhe impõe.

04.2 – Um ARTISTA PLÁSTICO  SUL-RIOGRANDENSE com CARREIRA LOCAL, NACIONAL e MUNDIAL.

    A burguesia emergente acenava com longínquas promessas de um mercado no qual o artista poderia exercer sua autonomia e se profissionalizar. A burguesia, de origem germânica[1], afirma-se através da indústria familiar. Foi o que aconteceu com a família Weingärtner. Aproveitando a litografia, inventada, em 1796, por Aloys Senenfelder (1771-1834), os Weingärtner, com destaque para Inácio (1845-1908), criaram uma gráfica industrial que fornecia etiquetas a ilustrações coloridas para a incipiente publicidade local[2]. Pedro  criou-se neste meio local e depois europeu.



[1]  Nesta burguesia emergente destacavam nomes da 2ª e 3ª geração de imigrantes de origem e fala alemã Algumas INTERAÇÕES de TENDÊNCIAS ARTÍSTICAS GERMÂNICAS e BRASILEIRAS nas CICUNSTÂNCIAS da CULTURA da ERA INDUSTRIAL http://profciriosimon.blogspot.com.br/2012/05/arte-brasilidade-e-germanidade-008.html

[2]  - PESAVENTO. Sandra Jatahy. História da indústria sul-rio-grandense. Guaiba : RIOCEL, 1985, 123 p.

Litografia WEINGÄTNER -  Cartaz de Concerto Pelotas - pesquisa Isabel Nogueira 2005
Fig. 21 – Uma das litografias da oficina dos irmãos Inácio (1845-1908) e Miguel (1869-1928) Weingärtner é índice da crescente industrialização - não só dos meios gráficos - mas de fábricas, comércio e eventos sociais com desta apresentação de obra musical da imagem acima e  Ao mesmo tempo este meio gráfico irá propiciar a abertura de trabalho e manutenção de um expressivo numero de ilustradores, publicitários e criação de obras visuais para diversas finalidades estéticas.
O primoroso desenho, necessário para essa indústria, o levou a abrir horizontes e procurar mestres do desenho e do pincel na Alemanha dos seus antepassados. Percorreu a Europa com mil sacrifícios e trabalhos pessoais, para depois fixar-se em Roma[1]. A queda do Império, as perdas da sua bolsa e da sua cadeira na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), como a chegada da República não afetou a sua arte, pois era sólida e consciente dos seus valores. Apoiado pela economia da burguesia ascendente no Estado, em São Paulo[2] e Rio de Janeiro, ele manteve o mesmo nível de suas exigências estéticas, progredindo como artista profissional autônomo. A temática e a técnica refinadíssima[3] fizeram da sua obra até hoje um dos investimentos mais seguros entre os pintores nascidos no Rio Grande do Sul.



[1]  - Guido, 1956

[2] TARASANTCHI, Ruth Sprung – et alii PEDRO WEINGÄRTNER 1853-1929 um artista ente o Velho e o Novo Mundo. São Paulo : Pinacoteca do Estado de São Paulo 209-2010 -  264 p.  ISBN 978-85-999117-15-6

[3] O centenário  de uma PINTURA 1911 - 2011 de Pedro Weingärtner http://profciriosimon.blogspot.com.br/2011/12/isto-e-arte-016.html

Casa de Enxaimel dos Richter - Lajeado RS- ZH 03.10.2008
Fig. 22 – Movidos pels hábitos os imigrantes europeus trouxeram ao Rio Grande do Sul maneiras diferentes dos lusitanos de se organizar no seu espaço existencial. Além do jardim na frente da casa distante da via pública e da horta doméstica adotaram os velhos hábitos medievais de construir as suas residências somados aos recursos locais e industriais disponíveis neste novo meio. Ao mesmo tempo propiciou formações de profissionais construtores que aos poucos caminharam para a sua autonomia e diferenciação da ocupação dos demais.

05. Uma ONDA de IMIGRANTES com HÁBITOS ESTÉTICOS CONSAGRADOS.

05.1 – O  IMPÉRIO BRASILEIRO substitui o ESCRAVO pelo COLONO EUROPEU.
   Logo após a Guerra do Paraguai e da Unificação Italiana o território do Rio Grande do Sul recebeu uma onda migratória que estava acostumada com as Artes Plásticas que impregnava dias e impregnava  seus pensamentos, sua vontade e seus sentimentos. Provinham da pátria que, em 1540, Miguel Ângelo já descrevera (1955, p. 22)[1] para o português a Francisco de Holanda:
[Na Itália..] .. nasceis na província que é mãe e conservadora de todas as ciências e disciplinas, entre tantas relíquias dos vossos antigos, que em nenhuma outra parte se acham, que já de meninos, a qualquer cousa que a vossa inclinação ou gênio se inclina, topais ante os olhos pelas ruas muita parte daquelas, e costumados sois de pequenos a terdes vistas aquelas cousas que os velhos nunca viram noutros reinos 
Ninguém nega as condições econômicas  mínimas e as longas noites medievais e de servilismo que esta população suportara durante século na sua pátria de origem. Porém esta mesma população migratória convivia e respirava que impregnava a cultura Italiana. Uma vez instalado num dos pontos mais difíceis do território do Rio Grande do Sul encontraram pretextos e motivações para dar corpo a esta cultura material e imaterial de que eram portadores



[1]   HOLANDA, Francisco de (1517-1584) Diálogos de Roma: da pintura antiga. Prefácio de Manuel Mendes. Lisboa : Livraria Sá da Costa, 1955, 158 p.

Conde Tito Lívio  ZAMBECCARI 1802-1862
Fig. 23 – O projeto da ERA INDUSTRIAL era decorrente da lógica prática e sustentada pela razão teórica liberta das compulsões medievais. Desta razão teórica aberta saltavam as mais variadas concepções que se engalfinhavam em lutas econômicas, políticas e sociais ao longo do século XIX. O Rio Grande do sul não ficou infenso aos teóricos como do Conde ZAMBECARI e seus companheiros que orientavam o pensamento, os projetos e as ações  da  Revolução Farroupilha

05.2 – Uma ONDA de ARTISTAS e de 
APRECIADORES de ARTE.

Desta Itália desembarcou no ano de 1875 aqui a massiva imigração italiana[1]. Vinham nas pegadas de Adriano Pittanti, de Garibaldi e Tito Livio Zambecari (1802-1867). Os italianos acostumados, havia séculos,  no convívio e na produção da arte da mais alta qualidade, continuaram aqui a sua atividade criativa[2], apesar do ambiente desfavorável. Geraram condições e ambientes humanos favoráveis à emergência no Rio Grande do Sul dos bens simbólicos para que a beleza e a criatividade não fossem abandonadas pelos imigrantes[3].



[1]  - ZAMBELLI, Irma Buffon. A Arte nos primórdios de Caxias do Sul. Porto Alegre  : EST/EDUCS, 1986, 146 p

[2]  - ZAMBELLI, Irma Buffon.. A retrospectiva da arte ao longo de um século. Caxias do Sul : EDUCS, 1987,  220 p. il.
-------------. Os filhos da arte.: documentário de uma família de imigrantes. Caxias do Sul : Ed.  Da Autora, 1990, 280 p.

[3] - Cultura Italiana – 130 anos = Cultura italiana – 130 anni / org. Antônio Suliani e Frei Rovílio Costa - ed bilíngüe – Porto Alegre : 
           Nova Prova,   2005,  340 p. il. 25 x 29 cm.

Giuseppe GARIBALDI 1807-1882
Fig. 24 – Os deslocamentos provocados pela  ERA INDUSTRIAL seguia a lógica prática da mudança e da experimentação teórica e prática. O líder iteliano Giuseppe Garibaldi foi protagonista devárias mudanças tanto no Novo Mundo como no Velho Continente. Engajado fisicamente na Revolução Farroupilha levou desta experi~encia lições que lhe foram valiosas na unificação da Italia e que que vem sendo rememoradas até o presente.

06. PREPARANDO o  REGIME REPUBLICANO  BRASILEIRO.

06.1 – Os GRÊMIOS REPUBLICANOS durante o IMPÉRIO BRASILEIRO.

A semente do Regime Republicano havia sido plantada antes da origem lusitana do Rio Grande do Sul no âmbito das Missões jesuíticas. Outras sementes vinham dos ideários dos Estados soberanos que se formaram ao seu redor na Bacia do Rio da Prata haviam adotado o Regime Republicano.  Este conjunto foi reforçado com a República Sul-Rio-Grandense do Sul da Revolução Farroupilha. A distância geográfica, econômica e cultural da Província da corte do Rio de Janeiro não amenizava o rompimento com a de Lisboa. Ao contrário, a aumentava.
Os filhos de famílias mais abastados frequentavam a Faculdade de Direito de São Paulo e retornavam propagandistas ardentes do ideal republicano[1]. Com estes contatos os grêmios republicanos de São Paulo também começaram proliferar na Província de São Pedro[2].

06.2 – Os ARES de PARIS CHEGAM ao RIO GRANDE do SUL.

Os ares de Paris da III Republicana (1870-1940)[3] ganhavam nas artes doo Rio Grande do Sul cada vez mais adeptos, defensores e agentes dispostos a enfrentar a forma republicana do exercício do poder imperial e estatal. Assim o dia 15 de novembro de 1889 não teve resistências significativas no Rio Grande do Sul. O Governo de Carlos Barbosa conferiu, no período até 1908 a 1913, a este regime uma forma visual. Estética ainda inspirada em variadas tendências europeias  entretecidas pelo positivismo comtiano.



[1] - GREMIOS REPUBLICANOS PAULISTAS e GRÊMIOS   https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Republicano_Paulista

[2] - Joaõ Cezimbra Jacques (1848-1922)   http://www.paginadogaucho.com.br/pers/jcj.htm

PALÁCIO do GOVERNO  PIRATINI Perspectiva do projeto de Maurice Gras -
Fig. 25 – A cultura e estética francesa ganharam corpo no governo de Carlos Barbosa da Silva e de seu Secretário de Obras Cândido José de Godoy. Ambos com formação superior na França. O presidente Barbosa na área de Medicina[1] enquanto Godoy com formação com louvor e emprego garantido na “École de Ponts e Chausses”[2]. Porto Alegre guarda testemunho desta mentalidade no atual Palácio Piratini e no monumento à Júlio de Castilhos na Praça da Matriz

06.3 – As ARTES do PERÍODO IMPERIAL
 pela ÓTICA PÓS-INDUSTRIAL.

As expressões de Arte no Rio Grande do Sul deste período imperial brasileiro vistas pela ótica da ERA PÓS INDUSTRIAL constitui um fractal no qual a monocultura colonial brasileira começou a receber contribuições culturais extras ibéricas. De outra parte estas mesmas  contribuições culturais extra ibéricas, na realidade para a construção de uma identidade diferente, também exótica dependiam de uma mentalidade cientificista e racionalista ordenadora e legitimadora. O Rio Grande do Sul imperial era ainda dominado pelo ritmo implacável de uma Natureza entrópica e com a incipiente  monetização, a linearização de um tempo industrial e contratual. As chaves deste processo estavam muito distantes deste horizonte a ser ainda racionalizado, domada e manejado com maestria com as culturas hegemônicas da época.    

APRENDIZAGENS desta POSTAGEM
Trata-se de mais uma narrativa cujo tema é relativo às ARTES PLÁSTICAS do RIO GRANDE do SUL ao longo de REGIME IMPERIAL BRASILEIRO. Narrativa criada com os recursos da ERA PÓS-INDUSTRIAL e distinta de uma obra manuscrita da ERA AGRÍCOLA e daquela IMPRESSA na ERA INDUSTRIAL. Logo adiante esta mesma narrativa, elaborada no presente, necessita ser reelaborada e com novos recursos de uma nova época, técnica e de mentalidade diferente que ainda não nasceram. Não existe HISTÓRIA [3] e nem a ARTE existe. Existem narrativas a partir de documentos e obras, ditas de ARTE, que se valem do TEMPO e dos meios de circunstâncias de sua criação.

FONTES BIBLIOGRÁFICAS.
CONSTANTINO, Núncia Maria Santoro (1944-2014)  Italianos em núcleos urbanos e na capital do Rio Grande do Sul 1986 4 p.
-----------------O italiano da esquina: meridionais na sociedade porto-alegrense e permanência da identidade entre moranenses. São Paulo  1990 389 f.

Cultura Italiana – 130 anos = Cultura italiana – 130 anni / org. Antônio Suliani e Frei Rovílio Costa - ed bilíngüe – Porto Alegre :Nova Prova,   2005,  340 p. il. 25 x 29 cm.

DAMASCENO,  Athos (1902-1975) Artes plásticas no Rio Grande do Sul (1755-1900). Porto Alegre : Globo,

DOBERSTEIN, Arnoldo Walter. Porto Alegre 1900-1920: estatuária e ideologia .Porto Alegre : Secretaria Municipal de Cultura, 1992, 102 p. il.
____________.  Porto Alegre(1898-1920): estatuária fachadista e monumental, ideologia e sociedade. Porto Alegre : PUC-IFCH, 1988, Dissertação  208 f..
_____________. Rio Grande do Sul (1920-1940): estatuária, catolicismo e gauchismo. Porto Alegre : PUC-Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, 1999, Tese 377 f. 

GUIDO Ângelo (GNOCCHI) (1893-1969). Araújo Porto Alegre: o pintor e a personalidade artística. Porto Alegre: Secretaria de Educação e Cultura  do Rio Grande do Sul/Divisão de Cultura1 1957 p.29-59
----------Pedro Weingärtner. Porto Alegre : Divisão de Cultura- SEC/RS –1956, 228 p.

HOBSBAWN Eric J, (1917-2012)– Nações e nacionalismos desde 1780: programa, mito e realidade Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990, 230 p.

HOLANDA, Francisco de (1517-1584) Diálogos de Roma: da pintura antiga. Prefácio de Manuel Mendes. Lisboa : Livraria Sá da Costa, 1955, 158 p.

PESAVENTO. Sandra Jatahy. História da indústria sul-rio-grandense. Guaiba : RIOCEL, 1985, 123 p.

SAINT-HILAIRE, Auguste (1776-1853). Viagem ao Rio Grande do Sul (1820-1821) tradução Leonam de Azevedo Pena (2ª ed.) São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1939,  404 p

SCHNEIDER, Regina Portlela A instrução pública no Rio Grande do Sul (1770-1889) Porto Alegre: Universidade/UFRGS/EST Edições 1993,496 p.

SIMMEL, Georg  Sociología y estudios sobre las formas de socialización. Madrid:         Alianza. 1986,  817.  2v.

TARASANTCHI, Ruth Sprung – et alii PEDRO WEINGÄRTNER 1853-1929 um artista ente o Velho e o Novo Mundo. São Paulo : Pinacoteca do Estado de São Paulo 209-2010 -  264 p.  ISBN 978-85-999117-15-6

VIDAL NETO FERNANDES, Cybele. «O ensino de pintura e escultura na Academia de Belas Artes» in 185 anos da Escola de Belas
       Artes. Rio de Janeiro : Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2000/2002, pp. 09-40
ZAMBELLI, Irma Buffon. A Arte nos primórdios de Caxias do Sul. Porto Alegre  : EST/EDUCS, 1986, 146 p
------------. A retrospectiva da arte ao longo de um século. Caxias do Sul : EDUCS, 1987,  220 p. il.
------------. Os filhos da arte.: documentário de uma família de imigrantes. Caxias do Sul : Ed.  Da Autora, 1990, 280 p.

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.
ADMINISTRAÇÃO CARLOS BARBOSA – 1908-1913

ARES de PARIS em RIO PARDO

Decreto nº 1 de 15 de novembro de 1889 –  PROCLAMA a REPUBLICA no BRASIL

EXPOSIÇÂO PROVINCIAL de 1875 em PORO ALEGRE
EXPOSIÇÃO e AMBIENTE de PORTO ALEGRE em 1900

 GARIBALDI no RS  por  ALEXANDRE DUMAS

IMAGENS de PORTO ALEGRE

Invasões espanholas e a reconquista de Rio Grande

LENÇO FARROUPILHA 1835

MAPAS ANTIGOS do RIO GRANDE do SUL


MARQUÊS de POMBAL Sebastião José de Carvalho Mello (1699-1782)

PAZ de PONCHE VERDE – 01 de março de 1845

PEDRO WEINGÄRTNER  no presente BLOG
09 - PEDRO WEINGÄRTNER e a ESCOLA de ARTES. 1 – Pedro Weingärtner e a Pinacoteca do IBA-RS
09 - PEDRO WEINGÄRTNER e a ESCOLA de ARTES. 2 - Pedro Weingärtner e o sentido da formação institucional de um artista
09 - PEDRO WEINGÄRTNER e a ESCOLA de ARTES. 3  - Pedro Weingärtner na passagem entre o regime imperial e o regime republicano brasileiro.
O centenário  de uma PINTURA 1911 - 2011 de Pedro Weingärtner http://profciriosimon.blogspot.com.br/2011/12/isto-e-arte-016.html

RELATÒRIOS dos PRESUIDENTES da PROVÌNCIA do RIO GRANDE do SUL

REPÚBLICA SUL-RIO-GRANDENSE 20.09.1835 -01.03.1845

https://pt.wikipedia.org/wiki/República_Rio-Grandense

VIRADEIRA com  DONA MARIA I  -           

https://pt.wikipedia.org/wiki/Viradeira


Anexo:
Texto integral do alvará de  05 de janeiro de 1785 sobre indústrias no Brasil e que  proibiu a indústria (manufatura de bens)
Eu a rainha faço saber aos que este alvará virem:
Que sendo-me presente o grande número de fábricas e manufaturas que de alguns anos por esta parte se têm difundido em diferentes capitanias do Brasil, com grave prejuízo da cultura, e da lavoura, e da exploração de terras minerais daquele vasto continente;   porque havendo nele uma grande, e conhecida, falta de população, é evidente que, quanto mais se multiplicar o número dos fabricantes, mais diminuirá o dos cultivadores; e menos braços haverá que se possam empregar no descobrimento, e rompimento de uma grande parte daqueles extensos domínios que ainda se acha inculta, e desconhecida.

       Nem as sesmarias, que formam outra considerável parte desses mesmos domínios, poderão prosperar, nem florescer, por falta do benefício da cultura, não obstante ser esta a essencialíssima condição com que foram dadas aos proprietários delas. E até nas terras minerais ficará cessando de todo, como já tem consideravelmente diminuído, a extração de ouro, e diamantes, tudo procedido da falta de braços, que devendo-se empregar nestes úteis e vantajosos trabalhos, ao contrário os deixam, e abandonam, ocupando-se de outros totalmente diferentes, como são as referidas fábricas e manufaturas. E consistindo a verdadeira e sólida riqueza nos frutos e produções da terra, os quais somente se conseguem por meio de colonos e cultivadores, e não de artistas e fabricantes. E sendo além disso as produções do Brasil as que fazem todo fundo e base, não só das permutações mercantis, mas da navegação e comércio entre meus leais vassalos habitantes destes reinos, e daqueles domínios, que devo animar, sustentar em benefício comum de uns e outros, removendo na sua origem os obstáculos que lhes são prejudiciais e nocivos. Em consideração de todo o referido, hei por bem ordenar que todas as fábricas, manufaturas ou teares de galões, de tecidos, de bordados de ouro e prata, de veludos, brilhantes, cetins, tafetás, ou qualquer outra espécie de seda; de belbuts, chitas, bombazinas, fustões, ou de qualquer outra fazenda de linho, branca ou de cores; e de panos, droguetes, baetas, ou de qualquer outra espécie de tecido de lã; ou que os ditos tecidos sejam fabricados de um só dos referidos gêneros ou misturados, e tecidos uns com os outros; excetuando-se tão somente aqueles ditos teares ou manufaturas em que se tecem, ou manufaturam, fazendas grossas de algodão, que servem para o uso e vestuário de negros, para enfardar, para empacotar, e para outros ministérios semelhantes; todas as mais sejam extintas e abolidas por qualquer parte em que se acharem em meus domínios do Brasil, debaixo de pena de perdimento, em tresdobro, do valor de cada uma das ditas manufaturas, ou teares, e das fazendas que nelas houver e que se acharem existentes dois meses depois da publicação deste; repartindo-se a dita condenação metade a favor do denunciante, se houver, e outra metade pelos oficiais que fizerem a diligência; e não havendo denunciante, tudo pertencerá aos mesmos oficiais”.


SÉRIE de  POSTAGENS ARTE no RIO GRANDE do SUL

[esta série desenvolve o tema “ARTE no RIO GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html  ]
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES das  SEMENTES das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA e SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus ESTÁGIOS PRODUTIVOS.

PRIMEIRA PARTE
125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais indígenas sul-rio-grandenses

126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto civilizatório jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do Sul

127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais afro--sul-rio-grandenses

128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio Grande do Sul.

129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província sul-rio-grandense  diante do projeto imperial brasileiro

130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande do Sul diante de projeto republicano

131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos primórdios do ILBA-RS e  a sua Escola de Artes até a Revolução de  1930

132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE do SUL  entre 1930 e 1945

133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O  projeto da democratização da arte após 1945.

134  – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
A ARTE e a ARQUITETURA em AUTONOMIA no RIO GRANDE do SUL

135  – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
A ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1970 e 2000


SEGUNDA  PARTE

Iconografia e Iconologia das artes  visuais de diferentes projetos políticos do Rio Grande do Sul.

136– ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
As obras das artes visuais indígena do atual território do o Rio Grande do Sul.

137 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 14
Obras das artes visuais afro-sul-rio-grandense

138 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 15
Obras de arte dos Sete Povos das Missões Jesuíticas como metáfora da Contrarreforma

139 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 16
A “casa do cachorro-sentado” como índice açoriano no meio  cultural do Rio Grande do Sul .

140 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 17
Obras de Manuel Araújo Porto-alegre

141 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 18
Obras de Pedro Weingärtner

142 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 19
Obras de Libindo Ferrás

143 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 20
Obras de Francis Pelichek

144 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 21
Obras de Fernando Corona

145 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 22
Obras de Ado Malagoli

146 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 23
Obras de Iberê Camargo
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