quinta-feira, 7 de maio de 2015

ESTUDOS de ARTE 018.

O ENTE no SER ARTISTA.

A liberação do artista possui como contrapartida natural  algumas responsabilidades.”
Marcel Duchamp em 13 de maio de 1960, na Universidade de Hofstra -  USA

Fig. 01 – O ENTE de Marcel Duchamp na multiplicidade do seu SER numa foto manipulada dos cinco “Marcelos” DUCHAMP. Estes heterônomos da multiplicidade do seu SER de Marcel Duchamp ganharam o mundo exterior ao exemplo de Fernando Pessoa. Multiplicaram se e se reproduziram nas suas próprias obras como de uma legião de prosélitos. Certamente um desse cinco é o Marcelo Duchamp pensador e erudito.. Não menos importante é Marcel que não vivia da Arte e buscava outros meios para transformar em mercadoria a sua criação e subversão.


O ENTE no SER.
O ENTE é inacessível e incompreensível para a inteligência humana. A inteligência, a vontade e a sensibilidade necessitam contentar-se com os seus índices. Estes índices são produzidos pelo ENTE no seu modo de SER. No mundo da ARTE, a sentença o ENTE no SER de Heidegger, recebe índices muito próximos do enigma humano. 
A gratuidade da Arte e o seu desapego ao restante do mundo pragmático e artificial - construído pela criatura humana – permitem evidenciar, na obra de Arte, uma proximidade muito grande ao ENTE humano por meio do seu modo de SER nesta manifestação.
 Para afastar qualquer ingerência, nesta grande proximidade ao ENTE, o artista repudia qualquer sombra de autoridade como uma ameaça à sua autonomia no seu modo de SER. 
Este artista resiste a qualquer heteronomia de sua inteligência, vontade e sensibilidade, ainda que o preço desta autonomia seja aquela da favela e de se auto enjaular.
Fig. 02 –  A universidade primordial e próxima de Marcel Duchamp foi a companhia dos seus próprios irmãos que seguiram e  ganharam o mundo exterior na multiplicidade do seu SER de cada um. Coerentes cada um deles abriu caminho no mundo de forças das artes visuais sem sombrear e nem cair na heteronomia estética de um de outro.  Não menos importante é Marcel que não vivia da Arte e buscava outros meios para transformar em mercadoria a sua criação e subversão.

Na cultura grega a ESCOLA era o LUGAR do ÓCIO e onde se abdicava do “neg-ÓCIO” e trabalho. Não tinha o sentido de ser destinado só para a infância. Qualquer um podia interromper os seus afazeres e sentar-se na praça ao pés de um mestre para ouvir suas lições e os afortunados sair com algum pergaminho vendido pelos sofistas mercenários.
A ESCOLA era o LUGAR do ÓCIO desapareceu com a era industrial e as especializações profissionais. O sistema de ensino-aprendizagem exigia uma entrada, um desenvolvimento e uma saída. Saída coincidindo com a  diplomação mas que a vitima saísse deste sistema pior do que entrou. O artista sempre resistiu a este sistema.
Fig. 03 – O “ NU DESCENDO a ESCADA” de Marcel Duchamp é um dos índices da competência de o artista de se informar e construír a seu próprio caminho. Caminho no qual valeu-se do acervo formal aberto pelo Cubismo, do impulso do Futurismo e dos primórdios do Dadaísmo e do Surrealismo. Sem ecletismo constrói obra própria e única. O  “ NU DESCENDO a ESCADA” de recebido e divulgado e consagrado como uma das amostras  um deste Marcel Duchamp que despontava no campo de forças da Artes Visuais do seu TEMPO. Porém Marcelo Duchamp naõ transformou este ícone da  sua criação em mercadoria. Ao contrário não plagio a sua descoberta  e continuou a subverter  a Arte e buscar  outros meios intelectuais e eruditos para projetar o seu ENTE no seu modo único de SER.

Porém com a especialização, a profissionalização e com vistas a um potencial mercado de arte ele deveria iniciar cedo ou seu desenvolvimento especialmente num espaço e numa cultura concorrencial. Para o artista sempre valeu o adágio “A ARTE é LONGA- A VIDA é BREVE”

Fig. 04 – Marcel Duchamp  projetou outra faceta do  seu ENTE no seu modo único de SER por meio da sua obra o “GRANDE VIDRO ”. Obra literalmente acabada no momento do ESTALO FÌSICO DO VIDRO constitui outro  índice dos meios intelectuais e eruditos do artista ao construir o seu próprio caminho materializado em obra própria e única. A epígrafe da obra  “ A NOIVA DESPIDA PELOS SEUS PRETENDENTES”  abre um imenso leque das mais variadas versões hermenêuticas. Hermenêutica que o próprio artista buscava explicações e comunicações, comentários e ilações. No seu conjunto- e no seu trânsito através destas narrativas -  Marcelo Duchamp não o transformou em mercadoria. Constitui mais um índice  das suas descoberta  e na infinidade que o arista visual possuo para desvelar o seu ENTE no seu modo de SER.

A argumentação de Marcel Duchamp se dirige na direção do desenvolvimento do artista  num espaço e numa cultura concorrencial com as demais profissões

 SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par Michel Sanouillet Paris  
         Flammarrion, 1991, pp. 236-239

- O artista deve ir à universidade[1]

‘Burro como um pintor’  !
Este provérbio francês remonta pelo menos ao tempo da vida de Bohème de Murger, ao redor de 1880, e que é usado como gracejo nas discussões.
Por que o artista deve ser considerado menos inteligente do que os demais?
Seria devido a sua atividade técnica é essencialmente manual e não possui vinculo direto com o Intelecto?




[1] - Texto de uma alocução em inglês pronunciada por Marcel Duchamp, num colóquio organizado em Hofstra em 13 de maio de 1960.
    Consta em SANOULLET, Michel. DUCHAMP DU SIGNE réunis et présentés par.. Paris Flammarrion, 1991, pp. 236-239


Fig. 05 – O sistema e o mercado de arte transformaram Marcel Duchamp num mito e num fetiche reduzindo-o à intrigas e insumos para projeta o seu modo estandardizado de classificar e de vender os seus mitos simbólicos e físicos. Acima de intrigas, mitificações e produtos prontos Marcel Duchamp continuou a cultivar outras facetas do  seu ENTE no seu modo único de SER por meio da sua obra. Marcelo Duchamp continuou a explorar a pintura da pinta e pincel sobre uma superfície plana. Nestes recursos físicos tão limitados e batidos as suas pinturas de paisagens constituem mais um índice  das suas descobertas  e na infinidade que o arista visual possuo para desvelar o seu ENTE no seu modo de SER.

Seja como for, possui-se a concepção geral  que o pintor não possui necessidade de uma educação específica para tornar-se um grande artista.
Mas hoje estas concepções não possuem mais fundamentos, pois as relações entre o artista e a sociedade mudaram quando o artista firmou a sua liberdade, no final do século XIX.
Hoje em dia, em vez do artista estar ao serviço de um monarca, ou da Igreja, o artista pinta livremente e nem está ao serviço de mecenas aos quais ele impõe a sua estética pessoal,  em vez de estar a seu serviço.
O conde Raul de Roussy de Salles jogando xadrez com MARCEL DUCHAMP-  Foto Man Ray 1925
Fig. 06 – Os infinitos lances possíveis no jogo de xadrez fascinaram Marcel Duchamp. Marcel Duchamp cultivava o  seu ENTE no seu modo único de SER por meio de partidas de xadrez e assim mantendo distância e não se envolvendo pessoalmente  nas intrigas, mitificações e produtos prontos da cultura de sua época. Na infinidade de combinações Marcelo Duchamp  continuou a explorar a ideia do lançamento de dados na Arte  de Stephan Mallarmé[1]

Em outros termos, o artista agora está inteiramente integrado na sociedade.
O artista de hoje, emancipado há mais de um século, se apresenta como um homem livre, dotado com as mesmas prerrogativas do cidadão comum e fala de igual para igual com o comprador de suas obras.
Esta liberação do artista possui como contrapartida natural algumas responsabilidades que ele antes podia ignorar quando era um pária ou um ser intelectualmente inferior.
Entre as suas responsabilidades, uma das mais importantes é a EDUCAÇÃO do seu intelecto, ainda que o intelecto não seja a base da genialidade artística.
Evidentemente que a profissão do artista assumiu seu lugar na sociedade hodierna a um nível comparável aquelas das profissões ditas «liberais». Ele não é mais, como antigamente, uma espécie de artesão superior.
Para permanecer e sentir-se ao nível dos advogados, dos médicos, etc.,  o artista necessita receber a mesma formação universitária.
Ademais o artista possui, na sociedade moderna, um papel muito mais importante que do artesão ou do palhaço.
Fig. 07 – O mundo comandado pelas máquinas e a crescente impossibilidade de a criatura humana ser medida e centro seu ENTE no seu modo único de SER estava sendo confiado às máquinas. Na longa preparação e posterior divulgação pessoal da sua obra   “A NOIVA DESPIDA PELOS SEUS PRETENDENTES”   Marcelo Duchamp gerou esquemas, fez palestras par evidencia esta distância e mistério da comunicação humana e os seu limites

O artista encontra-se face ao mundo fundado sobre o materialismo brutal no qual tudo é avaliado em função do BEM ESTAR MATERIAL e no qual a religião, depois de ter perdido muito espaço, não é mais a grande distribuidora dos valores espirituais.
O artista é hoje em dia um estranho reservatório de valores para-espirituais em oposição absoluta com o FUNCIONALISMO diário, pelo qual a Ciência recebe uma admiração cega. Digo cego, porque não creio mais na importância suprema destas soluções científicas que não atingem mais os problemas pessoais do ser humano.
Por exemplo, as viagens interplanetárias parecem  ser um dos passos prioritários em direção um auto-denominado «progresso científico»  e contudo estes passos nada mais são, em última análise, do que o alargamento do território colocado a disposição da criatura humana. Não posso ser impedido de considerar isto como uma simples variante do atual MATERIALISMO que afasta o indivíduo, cada vez mais, da procura do seu EU interior.
Isto nos leva à importante preocupação do artista contemporâneo que é, na minha opinião, informar-se e manter-se atualizado do auto-denominado «PROGRESSO MATERIAL QUOTIDIANO».
Fig. 08 – A fortuna do “GRANDE VIDRO” só é possível em culturas e civilizações competentes, aparelhadas e com profissionais para estudar, conservar e multiplicar as lições desta natureza.  Civilizações e culturas que consideram significativos e basilares de sua origem, desenvolvimento e sustentação por tempo indeterminado.
Nesta direção estas culturas e civilizações desenvolvem e projetam o seu ENTE no seu modo único de SER. A obra   “A NOIVA DESPIDA PELOS SEUS PRETENDENTES”  de  Marcelo Duchamp teve a fortuna de fecundidade na sua divulgação, estudo e abertura de caminhos para outros artistas.

Dotado de uma formação universitária, o artista não precisa temer o assalto de complexos nas relações com os seus contemporâneos. Graças a esta educação, ele terá ao seu dispor ferramentas adequadas para opor-se a estas questões materialistas por meio do EU cultivado no quadro dos valores espirituais.
Para ilustrar a situação do artista, situado no mundo econômico contemporâneo, observa-se que todo o trabalho ordinário é remunerado, mais ou menos, conforme o número de horas empregadas para realizá-lo, enquanto, no caso de uma pintura, o tempo usado na sua execução, não é tomado em conta, quando se trata de fixar o preço, e que este preço varia conforme a celebridade de cada artista.
Os valores espirituais, ou interiores acima mencionados, e dos quais o artista é a grande fonte, por assim dizer, e valores que dizem respeito ao indivíduo tomado separadamente, em contraste com os valores gerais que se aplicam ao indivíduo fazendo parte da sociedade.
E sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo.
Max Stirne estabeleceu claramente, no século XIX, esta distinção numa obra notável denominada Der Einziger und Eigentum[1], e que, se de uma grande parte da educação se aplica ao desenvolvimento destas características gerais, uma outra parte, tão importante, da formação universitária desenvolve as faculdades mais profundas do indivíduo, do auto-análise e do conhecimento da nossa herança espiritual.



[1] - O “Único e as suas Propriedades”.
Fig. 09 – Marcelo Duchamp migrou aos Estados Unidos onde lecionava francês aos norte-americanos para se manter materialmente e para jogar xadrez. Manteve em suspenso (epoch) a produção de obras físicas. Abstinha-se de
desenvolver obras físicas  e de projetar o seu ENTE no seu modo único de SER contrariando frontalmente o pragmatismo escancarado que a cultura norte-americana despejava no mundo e de cujo retorno vivia e se reproduzia.

Estas são as qualidades importantes que o artista adquire na universidade e que lhe permitem sustentar vivas as grandes tradições espirituais com as quais a própria religião parece haver perdido o contato.
Creio que hoje, mais do que nunca, o artista possui esta missão para-religiosa  a cumprir: manter acesa a chama de uma visão interior da qual a obra de arte parece ser a tradução a mais fiel para o profano.
Isto quer dizer que para cumprir esta missão, é indispensável a educação no mais alto grau.
Fig. 10 – Marcelo Duchamp praticou, em diversas ocasiões, deslocamentos de objetos banais (l’objet trouvé)[1] - da era industrial -  retirados de sua função primeira e original para figurarem em ambientes consagrados e legitimadores das Artes Visuais. Nestes deslocamentos Marcel Duchamp explorava este estranhamento e ruptura de ambas as funções.  A ruptura estética, funcional e econômica tinha por projeto abrir espaços para que o ENTE do observador modificasse o seu modo de SER único e de SENTIR a ARTE consagrada e canônica do presente e do passado.

Além desta argumentação de Marcel Duchamp na direção do desenvolvimento do artista  num espaço e numa cultura concorrencial com as demais profissões é necessário ter em conta o argumento de que “uma pintura é uma coisa mental” de Leonardo da Vinci. Acresce-se a afirmação de Corbusier de que “o permanece de uma obra de arte é o seu pensamento”.
A institucionalização da Arte na Universidade é um problema  que está distante do solução. A Universidade iniciou com as Artes que eram compreendidas a Medicina, a Astrologia.. Houve muita dificuldade quando o artista se emancipou do Estado e da Igreja e tomou o ruma da criação e da criatividade na concepção contemporânea. Este conflito está amainando. Mas os ânimos se alteram quando a Universidade tornou-se um centro de cursos superiores profissionalizantes. O artista insiste na humanização do mundo e tem muita dificuldade em se submeter ao mercado, ao reducionismo profissional e qualquer heteronomia da inteligência, vontade e sentimentos.




Fig. 11 – Outro objeto encontrado (l’objet trouvé) no qual Marcel Duchamp praticou, além dos  deslocamentos destes objetos banais, os uniu, e gerou a tensão entre o estático (banco) e dinâmica (roda) . Nesta intervenção e deslocamentos Marcelo Duchamp encontra a complementariedade entre opostos sem recorrer á tensões emocionais, grandes discursos ou narrativas. O ENTE do observador - na sua  rotina produtiva e inquisidora - se modifica e é subvertido no seu modo de SER e de SENTIR a ARTE consagrada e canônica do presente e do passado no qua a Arte possuía uma função pragmática definida.
Ganha sentido o exemplo do pintor Pedro Amarico que foi o primeiro brasileiro a receber o título de doutor em Filosofia por meio de defesa pública de tese[1] na Universidade Livre de Bruxelas. Pedro Américo compreendeu, na infância ainda, a difícil escolha pelo mundo da Arte. A fama como a recompensa do artista, apregoada por Alberti, necessitava primeiro o trabalho, depois viria o dinheiro, ao natural. Marcel Duchamp era um artista que sabia negociar o valor simbólico das suas obras, escreveu no texto  (1991- p. 237)aqui reproduzido:
“Para ilustrar a situação do artista, situado no mundo econômico contemporâneo, observa-se que todo o trabalho ordinário é remunerado, mais ou menos, conforme o número de horas empregadas para realizá-lo, enquanto, no caso de uma pintura, o tempo usado na sua execução, não é tomado em conta, quando se trata de fixar o preço, e que este preço varia conforme a celebridade de cada artista. Os valores espirituais, ou interiores acima mencionados, e dos quais o artista é a grande fonte, por assim dizer, e valores que dizem respeito ao indivíduo tomado separadamente, em contraste com os valores gerais que se aplicam ao indivíduo fazendo parte da sociedade”.
Pedro Américo compreendeu muito bem esta sua tarefa,  ao mesmo tempo solitária, e do outro lado, constituindo-se, a si mesmo, como fractal de toda uma raça. Novamente Marcel Duchamp (1991- p.238) sintetiza neste mesmo texto:
“E sob a aparência, estou tentado dizer sobre o disfarce, de um dos membros da raça humana, o indivíduo é de fato sozinho e único e no qual as características comuns a todos os indivíduos, tomados no conjunto, não possuem nenhuma relação com a explosão solitária de um indivíduo entregue a si mesmo”.
Um contemporâneo de Pedro Américo, Friederich Nietzsche,  conferiu ao artista uma autonomia que deriva da própria natureza da arte, quando Nietzsche[2] escreveu (1999, p.143)  que resumiu ao afirmar ( 2000, p.134) que a:
“ a Arte não pode ter sua missão na cultura e formação, mas seu fim deve ser alguém mais elevado que sobre passe a humanidade. Com isso deve satisfazer-se o artista. É o único inútil, no sentido mais temerário
 Pedro Américo soube, com os conhecimentos adquiridos nas Ciências Naturais e na Filosofia, exerceu e explorou a dialética da homeostase entre Arte e utilidade pragmática Ou na síntese de Freud “transformar o tabu em totem[3].
No texto de Marcel Duchamp perpassa um aspecto transformador e transgressor humano. Texto no qual o  sentimento de “PERTENCIMENTO” do artista ao seu TEMPO (Zeitgesit), seu LUGAR Weltgesit)  e à sua própria SOCIEDADE (Volksgeist) ganham forma e coerência. A OBRA de ARTE constitui um documento privilegiado e coerente  destas três dimensões.



[1] - FIGUEREDO e MELO, Pedro Américo de – LA SCIENCE et les SYSTÈMES: questions d´histoire et de philosophie naturelle. Bruxelles : Gustave Mayolez, 1869, 169 p.


[2]NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179.      

[3] FREUD, Sigmund.(1858-1939). Totem e tabu (1913).  2ª.ed. Rio de Janeiro : Imago 1995, pp. 13-193  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud ,volume 13)

MARCEL DUCHAMP no seu atelier  Foto Carier Bresson
Fig. 12 – A fidelidade do artista ao seu projeto de vida - de desvelar o seu próprio ENTE no seu modo de SER -  pode ser percebida ao longo de toda existência de Marcel DUCHAMP. Os seus silêncios e suspensão temporária do seu FAZER físico podem ser comparados aos silêncios do músico e performer norte americano John Cage (1912-1992). A A lápide do seu túmulo foi a derradeira e continuada lição do mestre da provocação, do desafio e  da invenção a partir do que existe. Duchamp subverteu simbolicamente este mundo e projetou esta subversão  para além túmulo..

 Quanto mais conhecimento, vontade e sentimento ele for competente para conectar com a forma física e sensível de sua obra, mais esta obra será portadora do seu TEMPO, seu LUGAR e a sua SOCIEDADE. Neste aspecto é altamente benéfico o cultivo do HÁBITO de INTEGRIDADE na UNIVERSIDADE. Tanto o artista, a sociedade e mesmo a economia só terão a ganhar com a ARTE na UNIVERSIDADE. Nesta circulação da produção a UNIVERSIDADE ganhará  o poder simbólico de que a obra de arte é portadora. A Universidade como mantenedora pode cumprir o seu papel de iluminar os HÁBITOS de INTEGRIDADE INTELECTUAL MORAL e SOCIAL. 
Túmulo da família DUCHAMP VILLON no cemitério monumental da cidade de ROUEN na FRANÇA
Fig. 13 – O lugar no qual as cinzas de Marcel DUCAHMP foram juntar-se ao OUTROS que morrem. A derradeira lição do mestre e o seu continuado silêncio,foram previstos e planejados como uma provocação, do desafio e  da invenção a partir do que existe é incontrolável. Ele mesmo planejou a subversão simbólica e projeção para além túmulo do seu ENTE no seu modo de SER..

Resta saber se tudo isto interessa à UNIVERSIDADE e à ARTE.
Esta mesma UNIVERSIDADE pode ser um reforço no seu modo de SER como constituir uma armadilha fatal para o candidato que deseja  fazer o seu caminho existencial no mundo da forças da  Arte. É reforço na medida em que este candidato encontra, dialoga com alguém experimentado neste caminho e cercado de outros candidatos à esta vida na Arte. Porém a UNIVERSIDADE não garante e nem prometa aos temerários e voluntariosos que ela mesma não seja uma armadilha mortal. Armadilha na medida em que este temerário não encontra de fato e de direito o seu ENTE no seu modo de SER. Modo de SER que se auto limita em gestos, obras e pensamento de OUTROS. Outros dos quais este pretendente possui conhecimento muito próximo, com os quais se identifica sem corresponder ao seu ENTE nem ao seu modo de SER.
Assim o problema e o desafio de Marcel DUCHAMP continuam de pé e válidos.  Cada  estudante,  universidade e  sociedade em cada TEMPO e cada LUGAR  necessita atualizar a pergunta:
 - O artista deve ir à universidade? 


FONTES BIBLIOGRÁFICAS.

FIGUEREDO e MELO, Pedro Américo de(1843-1905)  – LA SCIENCE et les SYSTÈMES: questions d´histoire et de philosophie naturelle. Bruxelles : Gustave Mayolez, 1869, 169 p.
-------– Considerações filosóficas sobre as belas-artes entre  os antigos (1864)– Estudo introdutório de Silvano Alves Bezerra da Silva.  João Pessoa : Editora Universitária – UFPB, 2006, 256 p

FREUD, Sigmund.(1858-1939). Totem e tabu (1913).  2ª.ed. Rio de Janeiro : Imago 1995, pp. 13-193  (Edição standard brasileira de obras psicológicas completas de Sigmund Freud ,volume 13)

HEIDEGGER, Martin. (1889-1979)  SER e TEMPO. Tradução e organização de Fausto  Castilho (1929- ).- Campinas SP: Editora da Unicamp; Petrópolis, RJ: Editora. Vozes, 2012, 1199 p ISBN 978-85-268-0963-5
NIETZSCHE, Frederico Guillermo (1844-1900)  Sobre el porvenir de nuestras escuelas. Barcelona: Tusquets, 2000. 179

FONTES NUMÉRICAS DIGITAIS.

La BOHÈME e HENRI MURGER (1822-1861)

IRMÂOS DUCHAMP VILLON
MARCEL

MARCEL DUCHAMP por Henri Cartier Bresson

MARCEL DUCHAMP : OBRA, ETAPAS, INFLUÊNCIAS  e PROSÈLITOS



MARCEL DUCHAMP :explicando a própria OBRA e VIDEOS

MARCEL DUCHAMP no JOGO de XADREZ

EPÍGRAFE do TÚMULO da MARCEL DUCHAMP em ROUEN - França

SER um INDIVÍDUO chez MARCEL DUCHAMP

SIMON, Cirio  - Origens do Instituto de Artes da UFRGS: etapas entre 1908-1962 e contribuições nas constituição de expressões de autonomia dos sistema de artes visuais no Rio Grande do Sul Porto Alegre : Orientação KERN, Maria Lúcia Bastos .PUC - RS, 2003—570 p..- versão 2012. em DVD
Disponível digitalmente
REPOSITÓRIO  UFRGS
SITE PESSOAL

DOMÍNIO PÚBLICO BRASILEIRO
SÉRIE de  POSTAGENS ARTE no RIO GRANDE do SUL
[esta série desenvolve o tema “ARTE no RIO GRANDE do SUL” disponível em http://www.ciriosimon.pro.br/his/his.html  ]
 
123 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 01
GUARDIÕES das  SEMENTES das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL

124 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 02
DIACRONIA e SINCRONIA das ARTES VISUAIS do RIO GRANDE do SUL nos seus ESTÁGIOS PRODUTIVOS.

125 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 03
Artes visuais indígenas sul-rio-grandenses

126 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 04
O projeto civilizatório jesuítico e a Contrarreforma no Rio Grande do Sul

127 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 05
Artes visuais afro--sul-rio-grandenses

128 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 06
O projeto iluminista contrapõe-se ao projeto da Contrarreforma no Rio Grande do Sul.

129 – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 07
A província sul-rio-grandense  diante do projeto imperial brasileiro

130 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 08
A arte no Rio Grande do Sul diante de projeto republicano

131 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 09
Dos primórdios do ILBA-RS e  a sua Escola de Artes até a Revolução de  1930

132 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 10
A ARTE no RIO GRANDE do SUL  entre 1930 e 1945
133 – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 11
O  projeto da democratização da arte após 1945.

134  – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 12
A ARTE e a ARQUITETURA em AUTONOMIA no RIO GRANDE do SUL
135  – ARTE no RIO GRANDE do SUL - 13
A ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1970 e 2000

136  – ARTE no RIO GRANDE do SUL – 14
A ARTE no RIO GRANDE do SUL entre 1985 e 2015

121 - ESTUDOS de ARTE 018.
DUCHAMP a GUISA de CONCLUSÃO: “O ENTE no SER ARTISTA”.

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Referências para Círio SIMON








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