quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A HISTÓRIA NÃO EXISTE.

A História não existe. Existem expressões da História na forma de manifestações como as narrativas orais, escritas ou visuais.

A História está entre os numerosos ENTES PRIMITIVOS da linguagem humana. ENTES PRIMITIVOS que todos usam e que ninguém sabe definir de uma forma unívoca e linear. O termo ARTE constitui também destes ENTES desafiadores e revelados nas suas expressões

Acrilico - Círio Simon 2012
Fig. 01 – ¿ Por que os atos da derrubada pelourinhos sumiram das narrativas oficiais da História brasileira? Qualquer atentado contra os pelourinhos coloniais lusitanos era um dos crimes mais graves e sujeito á severas penas. Assim os pelourinhos sumiram, não só das praças pública deixando apenas as denominações, mas também das imagens e das narrativas pátrias.

Não se trata do FIM da HISTÓRIA, da HISTÓRIA em  MIGALHAS, da DUVIDA e muito menos que ela ESTA MORTA. Bem ao contrário. As manifestações da História apenas estão começando a se acumular, tomar formas variadas e se expressar em  intensidades de maior ou menor grau. Novas e inesperadas expressões da História surgem na medida em que a civilização humana cria, afirma e reproduz novas expressões da sua memória e por novos meios técnicos para se comunicar. Estas expressões também possuem o seu ciclo e que se encerram evidentemente como formas criadas por determinadas culturas humanas.

O “FIM da HISTÓRIA”  está permeado do jogo interesseiro do “DEUS ESTA MORTO”. Certas mentalidades criaram a narrativa da morte anunciada para dar livre curso a intrigas maniqueístas baratas e para garantir a venda de livros de ocasião.

Fig. 02 – O quadro do Grito do Ipiranga é uma “máquina pictórica” cara, tematicamente discutível e resultou de negociações que duraram todo o período Imperial. Ela só ficou pronta em 1888. Ultimo fruto das mentes e do dinheiro dos  Barões do Café ´que estavam perdendo terreno político e econômico  para os cafeicultores republicanos de Itu. Até o mais bisonho profissional da História sabe que a cena real não foi esta. Mas a produção precisava que o representante “legitimo” da corte estivesse dominando a cena equestre e bovina de uma colônia que  apenas trocava de dono. Mas não tanto  para tudo ficar como antes deste “Grito” para a elite escravocrata e dominadora do aparelho estatal

Admitir a HISTÓRIA como um ente primitivo  remete ao ensinamento de Platão[1]. O mestre ensinava que “estudaremos a astronomia, assim como a geometria, por meio de problemas, e abandonaremos os fenômenos do céu, se quisermos aprender verdadeiramente esta ciência e tornar útil a parte inteligente de nossa alma, de inútil que era antes” (Platão,1985, 2º vol, p.128) O filósofo indicava nesta afirmação a distinção entre o  mundo empírico dos sentidos humanos e o vasto mundo das abstrações nas quais a mente humana reconstrói as suas experiências sensíveis. Ao reportar este ensinamento às narrativas da História na qual Marc Bloch afirmava ( 1976, pp. 60/61)[2]se “admite, desde os primeiros passos, que o inquérito tenha já uma direção. De início está o espírito. Nunca, em ciência alguma, foi fecunda a observação passiva. Supondo, aliás, que seja possível”.  A partir destes dois mestres pode-se argumentar com Heidegger de que o ENTE da História se desvela no seu modo de SER. Evidente que o contrário nem sempre é verdadeiro. Se o fosse permitiria  e legitimariam conquistas e crimes que  encobririam   mais o ENTE da História do que o desvelam nas suas narrativas.




[1] PLATÃO ( 427-347) – A REPÚBLICA – Tradução di J. Guinsburg  2º volume . São Paulo : Difusão Européia do Livro, 1985, 281 p.





[2] BLOCH, Marc (1886-1944)  . Introdução à História.[3ª ed] Conclusão de Lucian FEBVRE - .Lisboa :Europa- América  1976  179 p.



ROCHEGROSSE Georges (1850-1938) - A Morte da  Púrpura 1914 - óleo 219 x 298 cm Museu Nantes
Fig. 03 –  A poluição da 1ª era industrial sufoca e põe um ponto final ao mundo da ficção e da narrativa romântica.  O peso e a intensidade de uma determinada infraestrutura condiciona fortemente as percepções,  os valores e as narrativas da História construídas a partir de experiência nem sempre perceptível ao longo do seu processo e só emerge  para  a  luz da consciência humana no momento de sua perda ou morte.
Não há cultura que não se veja obrigada a esconder o seu verdadeiro ENTE, velando o que não pode ser dito ou simplesmente chamando e priorizando valores que a propagandas e marketing impõe. Hannah Arendt, discípula de Heidegger, distinguiu a busca do eterno daquele do imortal. A eternidade no sentido absoluto induz a abstenção de qualquer trabalho, luta ou construção diante da Natureza implacável. Já no conceito da construção da História na busca da imortalidade existe luta, projetos e realizações em cujas ruinas recorrentes a criatura humana  aprende aquilo que é mais permanente e o transcende. Evidente que as narrativas que se querem História alimentam-se de projetos de imortalidade e não de eternidade. Assim a “Fabricação do Imortal” que Abreu descreve está nesta perspectiva e num projeto meticulosamente construído.



Normann ROCKWELL (1894-1978)  - A sequência de uma fofoca volta-se contra a sua autora
Fig. 04 –  Numa sociedade da História oral  a  autora de uma fofoca  acaba sendo a própria vítima de sua narrativa. Evidente que na circulação desta narrativa pelos mais variados repertórios pessoais a mensagem inicial modificou o sentido, o conteúdo e sua forma.
As narrativas que se querem História podem ser vistas no conceitos que Maturana desenvolveu ao redor da membrana que envolve as células vivas. Pode-se pensar na metáfora de membranas conceituais que envolvem a núcleos das células tanto para se protegerem do meio externo como para selecionar e se apropriar daquilo que hes interessa

As narrativas históricas como instrumentos de conquista. “A América e o Brasil foram descobertos respectivamente em 1492 e 1500  é uma narrativa que esconde  mal a verdade e prejudica. Se a narrativa fosse “a América e o Brasil foram descobertos respectivamente em 1492 e 1500 para acultura oficial europeia” iria gastar alguma tinta ou tipo a mais mas abriria para que outras culturas pudessem respirar..

O conquistador, o negociante o  atravessador sabe da importância desta narrativas. Assim recorre a forjicação, a corrupção. Operações que possuem a sua fortuna ao nível semiótico da linguagem, da fabricação discursiva, visual e simbólica em geral. A imposição de uma  língua e a desqualificação das concorrentes.

CLEVE Heindric van -1525-1589  Torre de Babel - 51 x 66 cm
Fig. 05 – As recorrentes narrativas sobre dilúvios universais, a Torre de Babel, Juízos Finais ou Armagedons ou 2012 buscam impor um ponto derradeiro a uma narrativa de um mundo conhecido. Este ponto final acontece pontualmente na mente de quem  acredita nesta narrativa. Esta narrativas ou apocalipses revelam de fato o implacável fim da imortalidade  e abrem as portas da eternidade diante dos quais estes fins imaginados ou reais de civilizações são episódios pontuais e marcam o renascer de eras diferentes da anteriores As  expressões da História também possuem o seu ciclo e que se encerram evidentemente como formas criadas por determinadas culturas humanas.  Estas narrativas recorrentes apenas revelam para as mentes dos profissionais da História paradigmas discursivos que  não se sustentam mais, postulam  um final de qualquer forma e um novo começo.
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Na conclusão é possível afirmar que os autênticos historiadores, arquivistas museólogos nunca tiveram um trabalho tão grande. O volume, a complexidade e o fluxo constante de narrativas, de informações e de objetos para recolher, estudar e administrar cresce e se multiplica numa velocidade e numa intensidade jamais vista pela humanidade.

Porém este é o território da logística. Acima desta logística reside o  processo civilizatório. Este trabalho, transformado em projeto, permite a agregação de profissionais com interesses, técnicas e problemas em comum. Projeto civilizatório que se encontra além das narrativas e do seu sentido. Este trabalho em comum gera, fortalece e multiplica e reproduz o projeto de classes sociais específicas, separadas e no caminho da autonomia profissional. E o novo modo de SER de um grande ENTE gerado pelo projeto e contrato de uma civilização. A HISTORIA constitui-se num ENTE PRIMITIVO que diz  ter  um projeto e procura  o seu direito à uma sólida memória com o objetivo de realizar escolhas certas para enfrentar um futuro incerto.

FONTES BIBLIOGRÀFICAS
 ABREU, Regina. A fabricação do Imortal: Memória, História e Estratégias de consa-        gração no Brasil.  Rio de Janeiro  :  Rocco, 1996. 235p.

ARENDT, Hannah (1907-1975). Condition de l’homme moderne. Londres  :  Calmann-Lévy, 1983.

BLOCH, Marc. Introdução à História.3ª. ed.Lisboa :Europa- América  1976  179 p.

MATURANA R., Humberto (1928-) e VARELA. Francisco (1946-). El árbol del          conocimiento: las bases biológicas del conocimiento humano. Madrid : Unigraf. 1996, 219p.
PLATÃO (427-347 a.C) Diálogos: a República. 23.ed.  Rio de Janeiro Ediouro,1996.
_____.   La república o el Estado.  Buenos Aires : Espasa-Calpe, 1941. 365p.

RODRIGUES, José Honório (1913-1987). Teoria da história do Brasil: introdução e metodologia (4ª ed) São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1978, 500 p.
--------História da história do Brasil (2ª ed) São Paulo: Companhia Editora Nacional. 1979.

FONTES NUMERICAS DIGITAIS

BRASIL e os PELOURINHOS LUSITANOS em NÃO FOI NO GRITO  - nº 018




ENTE PRIMITIVO




DERRUBANDO PELOURINHO





Diante da Eternidade




FALSIFICADOR de QUADROS



Falsificador de dinheiro




FORJICAÇÂO






O GRITO do  IPIRANGA - PEDRO AMÈRICO




Os PELOURINHOS LUSOS.




TRÊS DESCOLONIZAÇÕES A SOBERANIA A PÉ e SEM QUADRÚPEDES em  NÃO FOI no GRITO  nº 074




VIDA e IMORTALIDADE


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